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Placar elástico
Não se fala em outra coisa que não a monumental exibição do Flamengo, ontem no Maracanã. Meteu 5 gols no Grêmio numa partida semifinal da Copa Libertadores. Passeio em campo, alguns lances de virtuosismo. Jogou-se em nível ao qual já nos desabituamos nestas plagas. Nos últimos tempos temos olhado, diga-se, com ponta de inveja, os grandes jogos realizados no continente europeu. Nosso futebol deixou de ser a maravilha cujo passado é pontuado por glórias. O futebol admirado e imitado em todo o mundo sucumbiu a desorganização, à evasão de craques para o exterior, à formação deficiente de técnicos e dirigentes, entre outros fatores.
Aí surge o Flamengo sob o comando de um técnico a quem chamam de “Mister”, contando com um plantel de fazer inveja. Goleia o Grêmio. Levanta-se a opinião em elogios e sugestões para que esse futebol seja mostrado ao mundo. Na Argentina os jornais, prevendo o jogo de decisão da Libertadores contra o River Plate, chegam a dizer sobre o Flamengo: “mete medo”.
Mas, a grande vitória do Flamengo pode ser vista do ponto de vista de uma espécie de ressureição. Nossa morte no futebol mundial foi decretada naquela fatídica derrota da seleção nacional diante da Alemanha, em pleno Mineirão. Aquele terrível 7X1 teve o condão de sepultar o passado de glórias de nosso futebol e acordar-nos para nova realidade. Não éramos mais quem pensávamos. Deixávamos de ser o que julgávamos. Aquelas caras de branco, os alemães que considerávamos de corpo duro para o futebol, humilharam-nos numa das raras coisas que despertam ufanismo em relação ao país.
Gerações anteriores ao 7X1 também sofreram. Até hoje muita gente traz presa na goela, sem engolir, a derrota de 1950 diante o Uruguai. Nomes como o de Obdulio Varela e Ghiggia, craques uruguaios naquele grande feito, povoam memórias que não conseguem apagá-los de suas reminiscências. Barbosa, goleiro da seleção nacional que tomou o segundo gol do Uruguai, morreu em Praia Grande, reclamando da responsabilidade a ele atribuída pela derrota.
O Flamengo emerge tendo atrás de si um contexto de perda de credibilidade do nosso futebol. Oxalá prossiga sua sequência de conquistas. Oxalá se renove o nosso futebol. Paixão é o que não nos falta, vejam-se os expressivos públicos que comparecem aos estádios ainda que para assistir a jogos de não grande qualidade.
Que venha o futuro.
O brasileiro e o futebol
Aproxima-se mais uma Copa do Mundo e os brasileiros torcem pela reversão do último vexame. Fomos estraçalhados pela seleção alemã em pleno Mineirão: 7 x 1.
As esperanças estão ao lado do técnico Tite que fez renascer o famoso “escrete canarinho”. Sob o comando de Tite a seleção nacional classificou-se me primeiro lugar, na América, para a Copa que terá lugar nos gramados russos. Jogadores brasileiros de destaque nos campeonatos europeus vestirão a camisa da seleção nacional e espera-se consigam trazer mais uma vez o caneco ao país.
Entretanto, pesquisa recente revela que 41% dos brasileiros não se interessam pelo futebol. Esse número era de 31% em 2010. O aumento de 10% em oito anos é de fato preocupante.
Onde a febre que arrasta multidões aos estádios e gera o consumo de toda sorte de produtos e produções ligadas ao futebol? Teria a permanente crise brasileira desanimado os torcedores a ponto de não se importarem com o futebol?
Muitas razões podem ser citadas para o atual desinteresse. Prefiro apegar-me a uma delas: a baixa qualidade do futebol praticado entre nós. De fato, os jogos de campeonatos nacionais tornarem-se sonolentos. Raramente surgem os grandes jogadores capazes de improvisos que impulsionam as torcidas. Além do que não há como comparar o futebol hoje aqui praticado com o que se joga na Europa. Dias trás ouvi de um repórter que trabalha no velho continente que nunca se viu nos gramados europeus jogos de tão alta qualidade. Equipes como o Barcelona, o Real Madri, o Liverpool, a Roma e tantas outras protagonizam embates realmente inesquecíveis. Enquanto isso por aqui segue-se rotina modorrenta, com jogos nos quais são raros os momentos de emoção.
Verdade que os tempos são outros. O país não é o mesmo de 1958, ano em que ganhar jogo numa Copa parecia ser questão de vida ou morte. Acompanhavam-se partidas pelo rádio, torcendo loucamente pela seleção nacional. Ainda hoje se fala sobre a inesquecível derrota de 1950 quando mais de 150 mil pessoas boquiabertas viram o Uruguai sagra-se campeão em pleno Maracanã.
Soluções existem para renovar o espírito futebolístico dos brasileiros. Entre elas a doção de medidas sérias em relação a dirigentes, enfim , os homens que comandam o futebol.