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Questão de tempo
A Terra existe a 4,5 bilhões de anos. Agora cientistas divulgam a descoberta de fósseis datados de 3,77 bilhões de anos. São os mais distantes vestígios de vida no planeta encontrados até hoje. Trata-se de filamentos e tubos formados por bactérias encontradas em fontes termais ricas em ferro, no fundo do oceano, em Quebec, Canada.
A arte paleolítica surgiu há cerca de 35 mil anos. Consistia de figuras desenhadas em paredes de grutas e bonecos esculpidos em madeira ou pedra. Há cerca de 6000 anos a. C. os primeiros conjuntos humanos iniciaram a produção, criando animais e cultivando plantas. Essas práticas permitiram aos humanos agruparem-se em aldeias e vilas, de onde vieram as nossas primeiras cidades. A partir daí surgiriam as primeiras civilizações. Entre 5500 e 4000 anos a Suméria foi colonizada. 2000 anos a.C. florescia a Babilônia. Os assírios datam de 800 a 500 anos a.C. Já o antigo império egípcio data de 3500 a 1800 anos a.C. Rômulo e Remo fundaram Roma em 733 a.C. O triunvirato de Júlio César, Pompeu e Crasso data de 60 anos a.C. O nascimento de Cristo marca o início de nosso primeiro milênio.
Estamos em 2017. O mundo que conhecemos, alicerçado em avanços tecnológicos de ponta, é recente. Antes dos anos 50 do século passado ao homem comum eram inimagináveis os avanços de computadores e celulares hoje incorporados ao modo de viver em sociedade.
Mas, que dizer quando se comparam os bilhões de anos da idade da Terra, do surgimento da vida no planeta e os parcos 8000 anos em que floresceu a sociedade em que vivemos? Não é a civilização humana nada mais que um breve hiato na história de um pequeno planeta do sistema solar? Não é o caso de desconfiarmos da perenidade de nossa espécie? Existirá ela daqui a 500 anos, por exemplo?
Entretanto, parecemos não nos dar conta disso. O mundo que se nos apresenta hoje em dia é convulso. Parecem de nada ter valido duas grandes guerras para conscientizar os humanos da precariedade de nossa existência. O homem age como um ser eterno. A noção de eternidade está na raiz de nossos comportamentos para quem a ideia da própria morte parece ser descartável. Não se vive como quem vai morrer e isso é bom. Mas não se pode ignorar a precariedade da Terra em relação ao universo, a precariedade da civilização humana em relação ás mudanças geológicas e climáticas de nosso próprio planeta.
O meio-irmão do imperador da Coreia do Norte é morto num aeroporto com o uso de arma química; o novo presidente dos EUA propõe ao Congresso aumento de seu orçamento para compra de armas; terroristas matam a toda hora; bandidos estabelecem verdadeira guerra civil nas ruas… O mundo gira. O homem põe e dispõe de sua aparente grandeza. A cada momento os homens menos se entendem. Talvez dia desses optem por um cataclismo que encerre a nossa civilização. Caso aconteça isso nada mais será que um curtíssimo capítulo numa história que se conta anos na faixa de bilhões de anos.