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O direito de falar
Acontece em reuniões familiares. Todos juntos, vinho e cerveja, piadas, risadas, o amor une os membros da mesma família. O irmão provoca a irmã mais velha, ela retruca, ele apela para um acontecimento da infância, tanto tempo atrás, como você se lembra? A irmã dá outra versão da história, o irmão sugere que ela mente, devagarinho a conversa esquenta. O vinho liberta a língua. Até que entra em cena aquela que é de fora, não viveu com eles, ela a cunhada, a mulher do irmão. A cunhada sai em defesa do marido, mete o dedo numa ferida há tanto fechada, por que justamente hoje, depois de um almoço tão bom, por que reabrir um caso que, nem sabíamos direito, nos machucara tanto? Segue-se a mãe repreendendo os filhos, lembrando-os que se amam tanto, por que raios isso agora? Ao que a cunhada, já em pé, faces rosadas e tremendo, declara alto e bom som: ele tem o direito de falar.
Então aquele fato ficara marcado para ele que até então não pusera para fora sua indignação. Mas, se ocorreu faz tanto, pondera um primo. Mas, existe sim o direito de falar sejam quais forem as consequências. O homem tinha isso entalado na garganta desde a infância. Mas a vida seguirá em frente. Os irmãos se estranharam e não existe esparadrapo que feche a ferida de uma vez. Um dia a mãe morrerá, deixarão de existir os almoços em família e os irmãos se falarão, talvez no natal, pelo telefone.
O ministro da Educação compara ação da Polícia Federal com o nazismo. Entidades judaicas do país e do exterior protestam. O ministro vem a público para garantir o seu direito de falar.
Questão de foro íntimo?
Certos assuntos podem e devem ser evitados. O nazismo exterminou judeus, trazê-lo à tona comparando-o com atos do dia-a-dia, existe esparadrapo que cubra essa ferida?