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A vacina
São crescentes os números da pandemia. No país retorna-se à impressionante média de 900 mortes por dia devidas ao Covid-19. São frequentes notícias sobre falecimento de pessoas de destaque em suas áreas de atuação. Atriz conhecida está internada em estado grave; proprietário de grande construtora responsável por obras de relevo no país desaparece sob ação do vírus.
Mas, eis que surge uma luz no fim do túnel. Duas vacinas acabam de ser aprovadas nos EUA e inicia-se a vacinação. No Reino Unido também pessoas estão sendo vacinadas. No país discute-se a vacinação sob império de interesses não diretamente ligados à saúde.
Destaque-se o fato de muita gente ser contrária à vacinação. Ainda nesta manhã pode-se ouvir, pelo rádio, pessoas afirmando que não receberão a vacina de jeito nenhum. Cresce em considerável parcela da população a certeza de que não será necessária a vacinação. Em casos limítrofes encontram-se aqueles para quem a pandemia nem mesmo existe.
Fato é que não só aqui existem focos de resistência. No Reino Unido a passeata dos 99 moveu-se contra a vacina. “99” representa a porcentagem daqueles que não estão contaminados e acreditam que não virão a ser.
Passados mais de 100 anos da “Revolta da Vacina” no Rio de Janeiro o obscurantismo persiste. Esse desrespeito ao conhecimento científico não se explica apenas pelo radicalismo - é bom que se diga. Ele também resulta de decênios de má formação escolar, de despreparo e desinformação. Não se questiona um fato com base para analisá-lo: usa-se o palpite, a impressão, o discurso calcado no ouvi dizer.
Certamente causará espanto - e dúvida - a afirmação de que muita gente desconhece o fato de que no país 180 mil pessoas já morreram por causa do Covid-19. Pois há quem não assista noticiários e nem leia jornais. E isso não se refere apenas àqueles que vivem nos interiores, afastados de quase tudo.
Sobre as vacinas correm por aí toda sorte de boatos. Uma delas é que vacinas obtidas a partir de material genético são produzidas para mudar o genoma de quem as recebem. Outra é a de que nas vacinas foi inoculado o vírus HIV com a finalidade de transmitir a AIDS aos que forem vacinados. Já as vacinas produzidas na Rússia seriam perigosas por terem componentes capazes de transmitir a ideologia comunista…
Por fim, eis que o próprio presidente da República afirma que não será vacinado, fato apontado como desestimulante para a população.
Mas, a vacina vem aí e espera-se que, num lampejo instantâneo, mesmo os resilientes aceitem a lógica científica e deixem-se vacinar. O país precisa disso. Nós precisamos disso.