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No tempo do yotabyte
Bom. Começa que o site do UOL encomendou à Seagate e ao Departamento de Ciência da Computação da Poli-USP cálculos sobre a capacidade de armazenamento de dispositivos eletrônicos. Você deve estar acostumado a falar em megabytes, gigabytes e, no máximo, terabytes. Aquele seu HD externo que você usa para guardar cópias de seus arquivos deve ter 1 ou 2 gigabytes o que representa espaço pra caramba. Agora o que não sei se você sabe é que existe uma hierarquia acima do gigabyte que termina no tal yotabyte. Esse yotabyte é grande, muito grande, acredite.
No UOL explica-se que acima do terabyte está o petabyte cujo armazenamento exigiria um data center construído numa área de 1000 m² com 4 mil máquinas. Pois para armazenar 1 yotabyte seriam necessários 75 milhões de data centers que ocupariam a área total do Estado de São Paulo.
Bom. Daí que você pode se perguntar qual seria o interesse de se saber o que é o yotabyte. Acontece que dias atrás faleceu o escritor Ariano Suassuna e uma das entrevistas dele foi reproduzida na TV. Pois o grande escritor mais uma vez recordou que escrevia a mão, com sua caneta. Nem mesmo máquina de escrever ele usava.
Então houve um tempo bem recente no qual não existiam computadores e a vida se passava de outro modo. Não se tinham notícias sobre gente surrupiando dados, sites sendo invadidos, vidas sendo investigadas eletronicamente, espionagem de governos via internet. Daí vieram aquelas primeiras máquinas que custavam caro e quase nada ofereciam. Não sei se você guardou como recordação um disquete de 5 ¼, aquele grande e mole que exigia muito cuidado no manuseio. Depois vieram os disquetes pequenos e, finalmente, os HDs que evoluíram sem parar. Hoje em dia há cartões de memória com 1 gigabyte ou mais.
Agora, o que não me entra na cabeça é a ideia de que algum dia possam circular dados que exigiriam a capacidade de armazenamento de um yotabyte. Verdade que anos atrás um dispositivo capaz de armazenar 1 gigabyte era de grande tamanho. Nessa loucura de avanços tecnológicos quem sabe no futuro inventem dispositivos de menor tamanho com capacidades muito maiores de armazenamento.
O fato é que a computação vai cada vez mais ocupa espaços na vida da gente. Nós nos tornamos dependentes de computadores, já não sabemos viver sem a internet. Mas, mais me impressiona a constatação de que mesmo pessoas idosas, de mais de 80 anos de idade, estão sendo sugadas pela tecnologia. Outro dia me contaram que uma senhora, minha conhecida, está doente e se recusa a sair do leito. Ela passa dias inteiros em seu quarto. Comentei sobre a tristeza de um fim de vida confinado ao isolamento. A pessoa com quem eu conversava me interrompeu, dizendo: que nada! E explicou: ela passa o tempo todo com um Ipad nas mãos, fazendo contatos via Facebook e outras redes sociais. O detalhe é que a tal senhora nunca usou computadores, ela é uma recém-convertida ao mundo dos bytes.
Paro por aqui.