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Comentaristas de política
Não invejo os profissionais que comentam política no Brasil. Basta ler nos jornais ou ouvir pela televisão os comentários que fazem sobre as idas e vindas do poder e a participação de destacados políticos oriundos de várias regiões do país. A mesmice dos temas é chocante e, em geral, trabalha-se com situações cujos resultados são previsíveis. Disso tudo resulta a monotonia provinda do tom monocórdico de vozes que cercam-se de cuidados, afinal nem sempre se verifica a tão propalada liberdade de expressão nos meios de comunicação.
Tome-se como exemplo o dia de hoje. Então Dilma Roussef está eleita e começam as articulações necessárias à transição entre governos. De cara a nova presidente saca do seu álbum de figurinhas o Palocci de sempre, aquele mesmo que saiu do governo acusado de mandar quebrar o sigilo bancário do tal Francenildo, o camarada que fez declarações pouco honrosas sobre as atitudes do então ministro. Palocci retorna com grande força, a partir de agora será o coordenador técnico da transição. Por outro lado, Dilma num primeiro momento, deixa de lado os seus aliados do PMDB que imediatamente protestam, dizendo que ela não conseguirá governar sem eles. Já estão em cena, portanto, os oportunistas fisiológicos que se agregam sempre ao lado com mais possibilidades de vitória, apoio negociado em moeda de altos cargos e favores.
Até aí nada de novo, não? Agora imagine-se comentar isso, falar todo dia sobre esse assunto ou os que derivarão dele, por exemplo, o dedo do presidente Lula que, já dentro do trem de partida, coloca o dedo para fora da janela para apontar pessoas que quer no governo de Dilma. É o balança mas não cai, melhor dizendo, sai mas não sai.
E dizer que não se passaram mais do que dois dias desde a eleição. A roda viva continua a girar do mesmo modo, lembrando as rotações da Terra em torno do seu eixo.
Pobre Terra que há que girar porque esse é o ofício dos planetas, pobres comentaristas de política que se reinventam o tempo todo porque há que se reinventar para sobreviver, pobres de nós depositários de memórias de fatos comuns, insossos, tantas vezes difíceis de engolir.