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Carlos Gardel
Há 80 anos morria Carlos Gardel num acidente aéreo. O avião em que estava com seu parceiro Alfredo Le Pera, um paulistano, colidiu com outro ainda na pista do aeroporto e Mendellin, Colômbia. Morreram os dois, deixando atrás de si o séquito de fãs que ainda hoje perdura.
Há um texto de Julio Cortázar no qual o escritor diz que para ouvir Gardel é preciso colocar o disco 78 rotações numa vitrola antiga porque só assim pode-se recuperar em parte o clima da época em que o intérprete cantava. Trata-se da busca do genuíno Gardel.
Não é possível imaginar o que teria sido uma interpretação ao vivo de Gardel. Certamente a fama do cantor não se deve ao acaso. As muitas milongas e tangos que cantou até hoje estão em voga na voz de inúmeros intérpretes. Buenos Aires mantém suas casas de tangos nas quais a cada noite acontecem espetáculos nos quais nunca falta o espírito de Carlos Gardel. “Mano a mano”, “El dia que me quieras” a fantástica “Por una cabeza” e muitas outras cantadas por Gardel fundamentam o universo do tango.
Ontem foi dia de homenagens no cemitério de Chacarita em Buenos Aires. Centenas de argentinos compareceram ao túmulo de Gardel quando completavam-se 80 anos da morte do cantor em 24 de junho de 1935. Aos pés da estátua de Gardel foram depositadas flores, charutos, fotos e imagens, além de muito tango e passos de dança. O homem definido como “fora do comum” e “imortal” segue despertando a paixão de seus fãs. Aliás, as homenagens aconteceram não só no cemitério com na cidade onde discursos no parlamento, exposições e lançamento de disco reverenciaram a memória de Carlos Gardel.
Quanto a mim na noite de ontem fiquei, durante algum tempo, ouvindo gravações de Gardel. O tango e um bom copo de vinho lentamente me conduziram àqueles anos nos quais Gardel se apresentava para um público encantado com suas interpretações. Houve um momento em que ouvi um estrondo e me pareceu ver um homem de terno, chapéu e portando um charuto entre os dedos. Assustado, levantei-me e encontrei a janela aberta que havia sido batida pelo vento. Mas, é certo que Gardel estivera ali porque há momentos em que sonho e realidade se confundem.