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A ausência
No entorno o vazio. Só vazio, mudez, solidão. Já não será o caso de abrir uma garrafa de champanhe porque você não virá. Nem mesmo adianta pedir a comida japonesa que você adora porque seu lugar na mesa continuará vazio. Não é possível encontrá-la. Refaço nossos caminhos numa busca que sei impossível, mas da qual não consigo desistir.
Dia e noite persigo você, buscando migalhas de sua passagem. Sua voz ecoa em meus ouvidos, às vezes inesperadamente durante o sono, acordando-me. Então eu me sento na cama e fico no escuro, tateando, como se algum tipo de contato fosse possível. Mas, é em vão. Custo a adormecer de novo, embora não queira dormir porque você virá no sonho e não saberei como me comportar e o que dizer. Entre nós desfez-se a ponte de contatos possíveis e isso é intolerável.
Eu me lembro de você, tanto! Tento recordar as coisas boas, mas sempre me perco no túnel de nossos últimos dias quando já não tínhamos controle sobre nada, tornáramos joguetes das circunstâncias. Então a revejo presa ao leito, lutando, segurando-se a cada momento com fibra incomum. Depois as imagens se confundem. É sempre você, sofrendo e lutando, até o som do telefone que soa de madrugada e me vejo em seu quarto, agarrando-me ao seu corpo sem vida, gritando, exigindo a volta da vida que se foi.
Ah, quanta saudade!