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O povo mais legal do mundo
Recentemente uma pesquisa realizada pelo site da CNN elegeu o povo brasileiro como o mais legal do mundo. As razões? Segundo a pesquisa entre os fatores que fazem dos brasileiros os mais legais está a beleza das pessoas que desfilam nas areias de Copacabana, o futebol de Pelé e Ronaldo, a beleza do carnaval e do samba e a grande simpatia do povo.
Não há como não reconhecer que isso tudo representa um avanço, embora os estereótipos futebol, mulher e carnaval continuem mandando ver. Mas a imagem do povo melhora: pesquisa realizada pela EMBRATUR entre turistas que visitam o Brasil revelam que para os gringos o povo brasileiro é muito amigável.
Não é este o espaço para rememorar detalhes históricos sobre o olhar dos estrangeiros sobre o Brasil e os brasileiros. Todo mundo sabe que em passado não tão distante não gozávamos de tanto respeito assim no exterior dada a, digamos, excentricidade de comportamentos dos nossos nativos em visita a plagas distantes e mesmo dentro do próprio país. Para ficar num exemplo bem próximo, hoje em dia as nossas tradicionais rusgas com os Hermanos argentinos estão muito atenuadas. Perdeu o bom povo irmão muito de sua conhecida arrogância e desprezo pelos brasileiros que agora despejam muitos e muitos reais - bastante sólidos, aliás - na economia argentina. Mas, não era assim, não era assim. No início da década de 90, quando o governo argentino praticava aquela falsa paridade do peso com o dólar norte-americano, os argentinos postavam o queixo um pouco acima da posição normal. Naqueles anos fui a Los Angeles e a sorte madrasta me colocou num ônibus de city tour no qual viajavam apenas argentinos. Quando entrei todos os passageiros já estavam acomodados e o meu aspecto inconfundível de brasileiro despertou olhares de desconforto. Antes de chegar a um assento livre passei por um senhor acompanhado de um menino de cerca de 10 anos de idade. Ao me ver o menino perguntou ao senhor:
- É brasileiro?
A pergunta seria normal não fosse o tom de curiosidade de quem se defronta com um ser de outra espécie e já ouviu falar muito mal da gente daquele país infernal chamado Brasil. Os grunhidos de resposta do senhor ao menino foram igualmente intoleráveis, mas que fazer se a imagem do brasileiro ficara impregnada por estereótipos tão depreciativos? Mas, isso são águas passadas. Além do mais um fato isolado não pode ser generalizado. Demais amo Buenos Aires e me dou muito bem com argentinos, gente boa e amiga.
De todo modo o Brasil evoluiu. Hoje o país é reconhecido como importante economia emergente e atrai enormes investimentos estrangeiros. Para que se tenha ideia da magnitude desse fato basta lembrar que o déficit externo do país dobrou em 2010, atingindo a cifra de US$ 47,5 bi, a maior desde 1947. Foram investimentos estrangeiros de US$ 48 bi que compensaram o grande rombo verificado no último ano do governo Lula.
Na esteira dos avanços econômicos segue, também, um olhar mais amigável em relação aos brasileiros, povo cordial, simpático, criativo e receptivo a novas ideias, ou seja, bom parceiro de negócios. A isso tudo se junta uma visão estrangeira sobre a crescente seriedade do país em seus compromissos e a estabilidade do regime democrático.
Estamos melhorando, pois. Entretanto, há muito por fazer. Mais que ninguém nós que vivemos nesse caldeirão de contrastes conhecemos as nossas mazelas, tanto, tanto, que não raro nos desesperamos delas. Ninguém aguenta mais tanta violência, corrupção, descaso em setores prioritários como educação e saúde e, mais que isso, discursos vazios sobre esses assuntos nos quais se destacam promessas vagas e planos nem sempre calcados na realidade.
Já se disse que o Brasil era um país doente. Houve tempo em que esteve na UTI, correndo risco de morte. Depois se recuperou e bem, passou a convalescente e saiu dessa condição há bom tempo. Hoje o país é um sujeito forte, musculoso, com entranhas cheias de riquezas, à espera de que o conduzamos bem, isso para a felicidade geral da nação.