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Vitória e derrota
Há quem ache absurdo alguém passar quatro anos de sua vida preparando-se para competir numa olimpíada. O pior é que num dado momento se reúnem os melhores praticantes de determinada modalidade esportiva num mesmo lugar e passam a competir entre si. Como grande parte das disputas são individuais, obviamente só um competidor receberá a medalha de ouro e será o melhor entre os melhores, glória não pouca para qualquer ser humano.
Entretanto, nas olimpíadas são os vencedores aqueles que mais chamam a nossa atenção. É atrás deles que correm os repórteres, deles são as principais imagens e são as declarações deles que mais nos importam. É interessante ouvir algo de alguém que venceu uma prova dificílima, uma luta quase impossível de ser ganha e assim por diante. A vitória confere a esses atletas algo de sobrenatural, de ter ido ao limite ou além da capacidade humana, conferindo-se um halo de superioridade a quem a partir de agora entra para a história através de seu magnífico feito.
Do outro lado ficam os perdedores, mais numerosos, aos quais pouco mais resta que algum desabafo, muitas vezes para assumir a própria culpa pelo desempenho abaixo do esperado. A situação fica pior quando o perdedor era uma grande esperança que se viu fraudada na hora da competição.
Assisti ao jogo de basquete entre as seleções do EUA e a da Argentina. É preciso dizer que a Argentina tem seleção muito forte de basquete, classificada entre as melhores do mundo. Jogam bem aqueles argentinos: raçudos, entusiasmados, dando tudo o que podem em busca da vitória. Entretanto, do outro lado, havia uma seleção de qualidade e capacidade indiscutíveis. A Argentina até que segurou bem o jogo até mais ou menos a metade do tempo. A partir daí os norte-americanos começaram a jogar de forma quase impossível e estabeleceram enorme vantagem sobre a seleção argentina.
Confesso que fiquei meio irritado com o que via. De um lado observava-se uma quase brincadeira tal a facilidade nos lançamentos redundados em cestas. De outro, jogadores excelentes, mas nitidamente inferiorizados diante de seus opositores. Ali, na quadra, espelhavam-se bem a vitória e a derrota levada aos seus limites. E era a derrota absoluta que se impunha e me impedia de vibrar com a beleza e a perfeição do jogo da seleção dos EUA.