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Medalha de Ouro
Ouvi pelo rádio entrevista do ministro dos Esportes, Sr. Aldo Rebelo. Falava ele de Londres, relatando a emoção pela conquista da medalha de ouro pela judoca brasileira Sarah Menezes. Lembrava o ministro a origem simples da judoca, natural do Estado da Paraíba, uma brasileirinha como tantos. Nela via o ministro um exemplo da capacidade de superação dos brasileiros dado que a judoca lutara contra adversários que são os melhores do mundo. Por fim confessava o ministro a grande emoção de ver a bandeira do país ser erguida e a execução do hino nacional em terras inglesas.
Excetuando-se o futebol conquistas esportivas de âmbito internacional são raras entre os brasileiros. De fato são poucos os ídolos do país praticantes de modalidades esportivas diferentes do futebol. Nas décadas de 50 e 60 do século passado Eder Jofre, no boxe, e Maria Ester Bueno, no tênis, entraram para a história esportiva do país graças às suas memoráveis conquistas. Só anos depois vieram as grandes carreiras de Emerson Fitipaldi e Ayrton Sena, no automobilismo, e de Guga, no tênis. Isso sem falar em poucas medalhas conquistadas em olimpíadas por velejadores, judocas, atletas, nadadores e praticantes de outros esportes.
O Brasil tem pela frente difícil período na área esportiva. Sem falar sobre as obras preparatórias para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016 o país dispõe de pouco tempo para o preparo de seus atletas no sentido de que venham fazer a figura esperada de donos da casa nas futuras competições. No caso das Olimpíadas de 2016 urge o estabelecimento de planejamento nacional no sentido de estímulo ao esporte criando, assim, condições para que os nossos representantes possam competir em igualdade de condições com atletas de todo o mundo. Entretanto, é difícil acreditar que todo o atraso e falta de investimentos na área esportiva se resolvam nos quatro anos que nos separam das próximas olimpíadas.
Mas, tem razão Aldo Rebelo ao falar sobre a emoção de ver aquela mocinha de Teresina subir no pódio para receber a medalha de ouro. Desacostumados a tanto, vimos nela a nossa representante ideal , síntese dos brasileiros. Ao ver o rosto firme da moça no momento da execução do hino nacional do país pudemos imaginar o esforço, a luta dela contra as adversidades e a determinação que a conduziram à medalha de ouro. Parecia estar ela ali para lembrar-nos de que poderemos, sim, vir a ser bem sucedidos na área esportiva igualando-nos em resultados a outros países, afinal força, talento e criatividade para isso não nos faltam.
Mulheres virgens
Está na Revista Playboy deste mês a notícia de que a atleta norte-americana Lolo Jones , é virgem e pretende ficar assim até se casar. Segundo afirma a virgindade é um presente que pretende dar ao futuro marido quando vier a se casar. No momento a atleta de 29 anos de idade está solteira e prepara-se para as Olimpíadas de Londres. Diz ela que é mais difícil manter a virgindade do que treinar para a próxima competição mundial para qual é apontada como nome forte para conseguir o ouro na prova de 100 metros com barreiras.
Lolo Jones aponta como razão para manter a virgindade o desejo de vir a ter uma família sólida, diferente d o lar conturbado de seus pais. Conta, também, sobre sua infância difícil, na qual chegou a roubar comida congelada em supermercados para matar a fome.
Lolo Jones me fez voltar ao tempo em que cursava a faculdade. Então tínhamos uma professora assistente de uma das matérias, uma loira encorpada que estava longe de ser bonita, mas de aspecto agradável. Mulher muito séria auxiliava-nos em experiências no laboratório e, por vezes, substituía a professor titular da matéria em aulas teóricas.
Passamos um ano inteiro convivendo com ela sem que tenha ocorrido entre nós nada mais que as relações formais e habituais de professores e alunos. Isso durou até que organizamos um churrasco de despedida ao final do ano letivo para o qual ela foi convidada e compareceu. Muito na dela, como sempre, a professora manteve-se discreta até que, de repente sentou-se a uma mesa em que eu estava com amigos e começamos a conversar. Não sei dizer as razões pelas quais a partir daí ela transformou-se, creio que tenha bebido um pouco, coisa que talvez não fosse de seu hábito, mas que de todo modo soltou-lhe a língua. O fato é que papo vai, papo vem, declarou-se ela, enfaticamente, solteira e virgem aos 29 anos de idade. Entretanto, avisou-nos de que sua intenção era a de manter-se assim até completar os 30 anos, coisa que viria a ocorrer dentro de alguns meses. Caso até a data de seu próximo aniversário não tivesse se ligado a algum homem com a intenção se casar estava decidida a mandar a virgindade às favas com o primeiro que aparecesse.
Corria o início da década de 1970 e vivíamos numa época de silêncio imposta pelo regime militar que governava o país. Éramos, então, rapazes novos, em início de curso superior e não habituados a ouvir confissões daquele teor, ainda mais de alguém que fora nossa professora naquele ano.
Essa história estaria terminada com o fim esperado de uma despedida para sempre ao fim da churrascada se, alguns anos depois, eu não tivesse me encontrado com um colega que também estivera sentado à mesma mesa, comigo, por ocasião da confissão da professora. Encontrei-o numa estação do metrô e, conversa vai, conversa vem, contou-me ele que se casara justamente com a professora. Tive enorme vontade de perguntar a ele se, por acaso, aquela estranha conversa na mesa do churrasco influíra na escolha dele para a parceira de toda a vida. Mas, não tive coragem. Depois que nos despedimos raciocinei que ele se casara com a professora anos depois de ela completar os 30 anos de idade. Teria ela mantido a virgindade ou cumprira a promessa de perdê-la com o primeiro que aparecesse após o seu trigésimo aniversário?
Perguntas inúteis, sem respostas possíveis, mas que despertam a curiosidade sobre o modo inesperado de ser das pessoas e as armadilhas que a vida nos prepara.