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Os alvos
Atravessa-se a era dos alvos. A todo transe investigações identificam alvos de desvios de grandes somas de dinheiro. Na esteira das identificações seguem-se operações como as de busca e apreensão em domicílios e mesmo prisão dos envolvidos.
As operações da Polícia Federal entraram na moda com a deflagração da Operação Lava-jato que desnudou desvios gigantescos de dinheiro em negócios escusos envolvendo a Petrobrás. Muita gente se beneficiou desses dinheiros, sendo encontradas contas no exterior pertencentes a conhecidos funcionários da estatal e membros da classe política. De lá para cá atos de corrupção em outros meios como governos estaduais e prefeituras têm vindo à luz. Afora negócios escusos de toda sorte como a impressionante falta de caráter ao desviar recursos nas compras de aparelhos respiratórios necessários à ventilação pulmonar de pessoas infectadas pelo vírus Covid-19. Nunca é demais lembrar que a pandemia já matou mais de 80 mil pessoas no país, até agora, e o número de infectados chega a dois milhões.
Bem, todo mundo sabe disso. Entretanto, para além desses fatos o que mais nos surpreende é a verdadeira maratona de pessoas, conhecidas publicamente, que são acusadas de desvios de grandes somas de dinheiro. Políticos de longa carreira no exercício de cargos públicos da noite para o dia têm seus nomes manchados por denúncias de corrupção. Pessoas a quem considerávamos intocáveis são denunciadas publicamente, cabendo a elas defender-se. Infelizmente grande parte dos investigados acabam sendo condenados e muitos até o momento cumprem penas em presídios. Louve-se a Operação Lava-Jato pela devassa realizada na qual foi desarticulada grande cadeia de corrupção.
Mas, ao contribuinte, resta a estranha sensação de que ninguém merece crédito. Confiança em crise e a impressão de que não adianta votar em ninguém. Mudam os governos e os homens, permanece o fantasma da corrupção. Escândalos inadmissíveis surgem à luz do dia como esse da semana passada em que foram localizados, numa operação de busca e apreensão, seis milhões de reais em dinheiro vivo. Seis milhões, simplesmente. Enquanto isso o homem comum, seja lá qual for o estrato social a que pertence, segue na luta para equilibra-se na corda bamba que é a rotina das oscilações da maltratada economia do país. Nos altos escalões, aqueles que decidem, imperam regras nas quais sempre transparece a hegemonia de interesses pessoais sobre a obrigação de agir pelo bem-estar comum.
Por fim fica-nos a pergunta sobre a natureza de homens em que é depositada a confiança de milhões de pessoas e, de repente, surgem com alvos de corrupção. Ao trabalhador assalariado, aos empresários que têm de honrar seus compromissos, a todo mundo enfim, como engolir desfaçatez de tão grande tamanho?
Que futuro nos aguarda?