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O Rambo norte-americano
Gary Faulkner, 51 anos, é na vida real o Rambo norte-americano. Ele foi detido no Paquistão portando uma espada, uma pistola e óculos de visão noturna. Sua intenção era caçar sozinho Osama Bin Laden. A detenção de Faulkner aconteceu numa floresta próxima à fronteira do Paquistão com a província afegã do Nuristão. É o que se lê no noticiário.
A suposição de que Bin Laden viva na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão levou o Rambo norte-americano a agir na região. É de se imaginar se sua missão não está ligada àquele coronel dos filmes, o amigo do Rambo a quem treinou. É o coronel que sempre adverte aos cinéfilos sobre o potencial de Rambo, ex-soldado capaz de sobreviver em condições inumanas e destruir exércitos inteiros.
Infelizmente a foto de Gary Faulkner, publicada nos jornais, não sugere que ele tenha as aptidões do Rambo do cinema. É um sujeito de cabelos longos e barba grisalha, com óculos de aro fino que dá a ele jeito de intelectual ou sonhador. Não se vê o aspecto físico, mas Faulkner não parece ser do tipo musculoso, apto a aventurar-se numa floresta sozinho, ainda mais à caça de Bin Laden.
Seria muito interessante se Faulkner capturasse Bin Laden: um só homem teria sucesso onde estrategistas e militares americanos falharam redondamente. Mais que isso, a prisão de Bin Laden por Faulkner serviria para dar credibilidade aos filmes de ação cujas cenas se mostram cada vez mais inverossímeis.
Estamos no século XXI, é preciso acreditar em algo e talvez uma missão bem sucedida do Rambo real viesse a contribuir muito para isso.
Franquias de terrorismo
Em entrevista cedida ao jornal “Folha de São Paulo” o cientista político e filósofo francês Oliver Roy afirma que, atualmente, a Al-Qaeda funciona como uma multinacional na qual os franqueados, sediados em vários países, têm autonomia para executar as ordens da cúpula, ainda comandada por Osama Bin Laden e Ayman Al Zawahiri. Trata-se, portanto, de uma organização do tipo McDonald’s, obviamente com outros fins.
Olivier Roy não está sozinho em sua opinião. Os meios de comunicação têm destacado a descentralização do poder da Al-Qaeda e o surgimento de franquias de terrorismo. São exemplos o recente e fracassado atentado em um avião que aterrisaria em Detroit, o major que matou 13 militares em uma base do Texas e o médico jordaniano, informante dos EUA, que se explodiu numa base do Afeganistão, matando sete agentes da CIA.
Como isso se reflete em nossas vidas? Afastados geograficamente do epicentro das ações terroristas, os brasileiros sentem na pele o problema nos aeroportos, durante as suas viagens. O rigor das checagens com malas e bagagens de mão aumentou muito, mesmo nos aeroportos do país. O pior é quando acontece o tal apito, indicando a presença de metais em vestes ou no próprio corpo do passageiro. Recentemente, fui obrigado a ficar, em público, de braços abertos e sob o escrutínio de sensores manuais que buscavam em mim a razão do apito ecoado quando atravessava a barreira de ingresso à área de embarque. No fim, tudo ficou por conta de uma moeda de 5 centavos perdida em um bolso, da qual não me dei conta.
É assim que rápida e insistentemente vamos perdendo a privacidade. Dentro em pouco entrarão em funcionamento escâneres que devassarão a intimidade dos passageiros, exibindo detalhes de seus corpos (parece que já estão em funcionamento na Inglaterra).
Vou me preparar para ser escaneado, coisa que jamais imaginei antes por futurista demais. Culpa dos terroristas que, além do imediatismo de suas ações, com elas alcançam efeitos retardados privando-nos de nossa liberdade.
Tempos ultramodernos os em que vivemos.