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Pão de Queijo

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Os calendários que se cuidem: são inventadas datas para tanta coisa que daqui a pouco faltarão dias disponíveis para novas comemorações.

Ontem, 17 de agosto, foi o dia do pão de queijo. A data nasceu de um concurso de receitas proposto pela apresentadora Ana Maria Braga, em 2007. 17 de agosto foi marcado para a decisão do concurso e acabou sendo oficializado por bares e restaurantes como o dia do pão de queijo.

O assunto não mereceria maiores considerações se justamente não se referisse… ao maravilhoso pão de queijo, invenção de algum gênio da culinária, talvez até um extraterrestre que apiedado do sofrimento dos homens trouxe a receita e a deixou sobre o fogão de uma benfazeja dona de casa.

Mas que os mortais não se iludam: existe o verdadeiro pão de queijo e os muitos falsos, isso sem falar nas suas variedades. Mais: as composições que têm como referência o querido pãozinho são infinitas, fato que nos leva a concluir sobre a possibilidade de criação de novas receitas.

Entretanto, é bom que se diga que o pão de queijo é indissociável de Minas Gerais. É ali, nas terras do grande Estado que viceja a criatividade dos achegados às tradições culinárias, aos quais se deve a fantástica cozinha mineira. Quem duvida que encete viagem pelo interior de Minas Gerais com paradas obrigatórias nas cidades do percurso. Encontrará um mundo de delícias a começar pelos variados queijos vendidos em laticínios de beira de estrada. E olhe que não faltarão detalhes de realeza: nas cidades mineiras existem reis de tudo, a começar pelo rei da empada, passando pelo rei pão-de-ló e chegando ao rei do pé-de-moleque. Isso sem falar no rei da pamonha, no rei do doce de leite, tantos reis que somos impedidos pela capacidade dos nossos estômagos de confirmar a veracidade de tão vasta realeza.

Minas é leite, São Paulo é café. O dia do pão de queijo nos faz lembrar a política café- com-leite que comandou as coisas no Brasil até a Revolução de 30. Eram os tempos da chamada República Velha, período em que paulistas e mineiros revezavam-se no poder da nação. A política café-com-leite teve início no governo do paulista Campos Salles (1898-1902), e só terminou com a chegada de Getúlio Vargas (1930-1945) ao poder, após a queda do presidente Washington Luis (1926-1930). Durante esse período apenas dois presidentes não pertenceram a Minas e São Paulo: Hermes da Fonseca (1910-1914) e Epitácio Pessoa (1919-1922).

Por falar em café-com-leite estão aí as lideranças do PSDB às turras pelo lançamento de seu candidato à presidência para as eleições de 2010. José Serra, governador de São Paulo, lidera as pesquisas; Aécio Neves, governador de Minas Gerais, também é um possível candidato. A melhor solução seria a parceria entre os dois, um para presidente, o outro para vice. Mas quem seria o vice nessa história?

Política é política e muita água passará por debaixo da ponte até que se tenha um quadro exato da sucessão presidencial. De minha parte sugiro aos dois postulantes do PSDB uma boa refeição matinal com café, leite, pão de queijo e tudo o mais. Quem sabe na serenidade da deglutição de alimentos que já constituíram a grande força exportadora do país os dois homens decidam logo como participarão da sucessão, se possível unindo forças pelo amor de Deus.