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A convocação da seleção
Aproxima-se a convocação dos jogadores brasileiros que participarão da Copa do Mundo de 2010. Como em épocas anteriores há um frenesi em torno dos nomes que sairão da cabeça do técnico Dunga. A coisa chega ao ponto de se refazerem os passos de Dunga ao longo de sua vida com o intuito de entender porque ele é do jeito que é. Ontem, um jornal de São Paulo publicou extensa matéria sobre o técnico, abarcando desde o seu nascimento em Ijuí até os dias de hoje.
Não se discute o fato de que o futebol é paixão nacional. Mais que isso, a seleção ainda retém certa fantasia de nacionalismo caboclo que chega até ser bem-vinda nesses despersonalizados tempos de globalização e dissolução de fronteiras. Nada pode unir tanto os brasileiros quanto os tais noventa minutos em que a “seleção canarinho do Brasil” entra em campo para combater antigos ranços de inferioridade que hoje, graças a Deus, estão sendo abandonados.
O fato é que a torcida brasileira ainda está doída pelo resultado da última Copa. Se os sentimentos nacionais mantiveram-se intactos o mesmo não aconteceu com a nova geração de jogadores hoje intercionalizados e quiçá desenraizados. Trata-se de pessoas que ganham muito dinheiro jogando em clubes estrangeiros, profissionais demais para o gosto popular. Por vezes eles são tão profissionais que se esquecem do verdadeiro profissionalismo, aquele ligado à representação social do esporte que praticam.
Mas, está chegando a hora da convocação. Quem serão os craques que desta vez defenderão o Brasil? Quem serão os soldados escolhidos para mais essa campanha imarcescível em que as nossas cores estarão em confronto com antigos rivais?
É aí que entra o técnico Dunga, aquele que é como é segundo se diz. Mas, o que não se pode olvidar numa hora dessas é que Dunga, mais que tudo, é técnico e sabemos que essa estirpe tem por norma não agir em acordo com aquela que pode ser considerada a opinião nacional. Quem não se lembra de Claúdio Coutinho, do Lazaroni, do Parreira e tantos outros que permaneceram surdos à opinião geral da torcida brasileira?
Pois Dunga está a um passo de escolher o seu partido: ficar entre os técnicos que ouvem ou os que não ouvem. O país clama pela presença de Ganso e Neymar na seleção, mas Dunga, talvez fazendo-se de mais importante do que já é no momento, não dá nenhum sinal de que cederá nesse sentido. Aliá, a opinião dele é que não seria justo deixar de lado os que concorreram para que o Brasil atingisse o atual estágio em que está; não seria justo ignorar o esforço dos jogadores que classificaram o Brasil.
Futebol é momento, instante de quem está jogando bem. O máximo que podemos desejar é bons sonos a Dunga, clareza nas suas interpretações, menos dureza. Quem sabe ele ouve a multidão e dessa vez o Brasil sai daqui com o time que o povo quer.