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Leilões
Há exatamente 48 anos Neil Armstrong pisava na Lua naquele que foi um pequeno passo para um homem, um gigantesco passo para a humanidade. Por várias vezes me referi ao dia 20 de julho de 1969 como marco de conquista humana. Vi as cenas do homem na Lua na tela de uma TV preto-e-branco. Na sala poucas pessoas que simplesmente não acreditaram no que viam. Coisa de americano - diziam. Como nos filmes, afinal americano é bom nisso.
Na ocasião Neil Armstrong portava uma sacola na qual armazenou objetos retirados do solo da Lua. Essa sacola foi comprada por uma senhora que empregou 1000 dólares na compra. Hoje a sacola vai a leilão esperando-se atingir 6 milhões no arremate por algum interessado.
Caso você tivesse muito dinheiro gostaria de adquirir algum objeto nesses leilões nos quais se arrematam peças ligadas a pessoas famosas e fatos relevantes?
Confesso não entender a estranha atração por peças que passam a fazer parte de importantes coleções. Que tal ter a posse de uma carta escrita por Abraham Lincoln? Pois essa carta foi leiloada em Nova York e atingiu, em 2008, o valor recorde de 3,4 milhões de dólares. O penico de Napoleão foi leiloado em Londres por 1000 dólares. Os proprietários de uma loja arremataram por 1.267 milhão de dólares o vestido usado por Marylin Monroe na noite em que cantou “Parabéns a você” ao presidente John Kennedy. Por 135 mil euros foi arrematado, em 2015, um selo lançado na Alemanha com a foto da atriz Audrey Hepburn.
Obviamente, trata-se de um mercado ao qual tem acesso apenas os endinheirados. Quadros de pintores famosos, por exemplo, são leiloados e arrematados por valores altíssimos. O quadro “Les femmes d’Alger”, de Pablo Picasso, foi leiloado por 179 milhões de dólares em Nova Iorque; “O grito”, de Edvard Munch, recebeu 119,92 milhões de dólares em maio de 2012.
Conheço pessoas que frequentam brechós em busca de peças antigas para ornarem suas casas. Móveis antigos, cada vez mais raros, compõem ambientes com mobiliários recentes. Peças que pertenceram a nossos avós figuram entre adornos em nossas casas.
O homem não rompe sua ligação com o passado. Os tatos e meu avó e meu pai permanecem no jacaré de ferro que foi usado para amassar rolhas, adaptando-as para fechar vidros e garrafas. O jacaré permanece comigo, dando continuidade a existências desaparecidas.
Se eu compraria o jacaré que foi de meu pai caso o encontrasse num leilão? Ora, certamente o arremataria.