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Não sei dizer se…
Caro amigo confesso que não entendi bem o seu e-mail. Sinceramente, não sei dizer se você tem ou não razão. Você reclama do mundo como está, do desencontro entre os homens. Ninguém se entende! Compara a atual sociedade humana a uma dessas experiências realizadas em laboratório nas quais animais são confinados em espaços delimitados e se oferecem quantidades insuficientes de alimentos. No fim a fome fala mais alto e surge até mesmo o canibalismo.
Digo que não entendi bem porque para mim o que acontece hoje não difere muito da história passada. O homem é de fato um animal que domou a custo seus piores instintos, mas a vida em sociedade domesticou a maioria de modo que me parece exagero a sua comparação com sociedades de animais confinados. A ideia de que estamos confinados num planeta que a todo o momento emite sinais de esgotamento de seus recursos também deve ser analisada com cautela. Lembre-se de que a ciência progride e o espaço sideral armazena riquezas que talvez no futuro o homem consiga alcançar. Para ficar só num exemplo um só asteroide armazena minérios em quantidade superior a tudo que se extraiu e utilizou na Terra durante toda a existência da civilização. Repare, ainda, na possibilidade de aquisição de isótopos que permitiriam a obtenção de quantidades inimagináveis de energia por fusão, isso sem o perigo de emissões radioativas.
Meu amigo o homem de hoje não é diferente, em essência, do guerreiro da época das cruzadas, dos que combateram na Guerra dos 100 anos, nem daqueles que se trucidaram nas duas guerras mundiais. Aliás, me parece que a despeito de tantas coisas terríveis que marcam a passagem do homem pelo planeta pode-se dizer que, de certo modo, houve uma evolução. A verdade é que se teme globalmente o perigo de guerras totais e, no fim das contas, acaba-se sentando em torno de uma mesa para discutir algo que não é a paz, mas pelo menos arremedo dela.
Por essas razões não posso concordar com o seu pessimismo embora me faltem argumentos concretos para dizer que você está errado. Um dia talvez tudo se acabe e a civilização humana venha a desaparecer sem deixar vestígios. Mas, mesmo isso parece distante demais para que no curto período de nossas vidas nos deixemos levar por interrogações que nos conduzem a respostas funestas. Não sei mesmo dizer, portanto, se você está certo ou errado embora grosso modo me pareça que a sua visão mais se aproxime dos erros que dos acertos.