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Novos Estados: Carajás e Tapajós

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Não sei se as crianças em idade escolar decoram os nomes dos Estados do Brasil. Quando cursei o que hoje se chama Ensino Fundamental I a decoreba era obrigatória, não só dos nomes dos Estados como de suas capitais. Levávamos alguma vantagem em relação às crianças de hoje porque o número de Estados da Federação era menor. Então não se falava em Mato Grosso do Sul, Tocantins e por aí afora.

Pois agora o glorioso Estado do Pará corre o risco de ser dividido em três: o próprio Pará, Carajás e Tocantins. A Câmara Federal votou em regime de urgência para a realização de plebiscitos nos municípios envolvidos. A alegação é a de que o Pará é muito grande – é o segundo Estado em extensão, só ficando atrás do Amazonas - e as distâncias enormes dificultam a administração.

Caso o Pará seja tripartido o Brasil passará a contar com 29 Estados ou Unidades Federativas. Mais dois Estados significará mais deputados federais e senadores em atividade em Brasília.

Faltam-me elementos para opinar sobre o acerto da divisão do Pará. Quem me falou sobre o problema foi um amigo paraense com quem almocei. Ele é natural de Belém e frontalmente contra a divisão do Estado. Explica a sua posição:

- O maior interesse é dos políticos e não da população. O que se quer fazer é uma divisão das desigualdades com repartição da pobreza. Essa opinião não é só minha, pois muita gente comunga da mesma idéia.

O interessante nesse caso é que a decisão passará pelo voto popular, coisa mais que democrática e obrigatória. Entretanto, para o meu amigo o plebiscito é uma faca de dois gumes:

- Veja bem, há que se pensar na condução das informações a respeito dos prós e contras da divisão do Pará. Acontece que populações carentes podem ser muito suscetíveis ao discurso de mudança: se a situação atual não é boa, mudar pode ser a solução.

Para falar a verdade eu não tinha pensado sobre os prós e contras da divisão do Pará. Mas o meu amigo paraense – ele vive em São Paulo há mais de 20 anos – está empolgado com esse assunto que fala a ele diretamente. Contou-me que tem parentes em Belém e no interior de modo que a família está dividida, parte favorável à divisão e parte contrária.

De minha parte fiquei é mais preocupado com o aumento do número de Estados. Diga-se o que quiser, mas o Brasil é um milagre federativo porque logrou - aos trancos e barrancos, é verdade – manter a unidade territorial. Ao tempo do Império e nos primeiros tempos da República temia-se muito pelo esfacelamento. Não faltaram na História do país movimentos separatistas. Vez por outra a idéia retorna como ainda acontece com certos movimentos isolados de gente dos Estados do Sul que sonha com a separação de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. A justificativa é a de que esses quatro Estados juntos se tornariam um dos países mais ricos e prósperos do mundo.

Há ocasiões em que o aspecto federativo sofre abalos, como agora acontece em relação à discussão da divisão dos dinheiros advindos do Pré-sal. É conhecida a posição contrária dos Estados detentores do Pré-Sal a respeito da divisão equitativa dos lucros entre todas as unidades da Federação. Para que se tenha idéia da extensão do problema, a criação de mais dois Estados reduziria ainda mais as parcelas de dinheiro destinadas a cada Estado. E essa seria, se bem entendi, apenas uma das conseqüências da possível divisão do Pará.