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Fora da lei

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Nesse mundo que a cada dia parece menor tem gente que simplesmente consegue desaparecer. São casos que se equiparam a roteiros de filme. O sujeito falsifica documentos, atravessa as fronteiras e desafia a capacidade das polícias internacionais. Como pode um cara procurado pela polícia de seu país e pela Interpol viver comodamente em algum lugar sem despertar suspeitas?

Talvez o ex-médico Rogério Abdelmassih possa responder, dar um curso ou mesmo publicar um livro sobre esse assunto. Condenado a quase trezentos anos de prisão o cara simplesmente sumiu. É bom que se diga, o ex-médico estave preso. Aí um ministro do STF entendeu que ele deveria ser solto. Passeava o condenado por aí quando recebeu a notícia de que deveria ser novamente preso. Então ele desapareceu. Sumiu! Nos últimos três anos o que se ouvia eram declarações sobre a impunidade no país, destacando-se o desaparecimento de Abdelmassi.

E ele nem aí com o peixe, como se dizia no passado. Até que há dois dias foi preso em Assunção. Ele estava lá, levando vida de gente rica. Morava num bairro chique, morava numa bela casa e tinha dois carros caros. Vida de nababo. Enquanto isso as 37 mulheres de quem ele abusou em seu consultório davam jeito nas feridas delas.

Foram essas mulheres que foram esperar o ex-médico no aeroporto. Elas fizeram um fuzuê, feridas no espírito, mas felizes porque o meliante finalmente vai pagar pelos crimes que cometeu.

O Abdelmassih que desembarcou em Congonhas tinha cara de um velho respeitável. Se você não o conhecesse ao vê-lo poderia jurar que tratava-se de gente boa. Mas, sob a pele de cordeiro e gestos comedidos habita um ser frio dominado pela sua tara. Aquele homem de cabelos brancos era o cara que abusava das mulheres em sua clínica quando elas estavam dopadas em razão da necessidade de algum procedimento médico. Muitas delas relatam ter acordado encontrando o ex-médico em cima delas.

Agora Abdelmassih está no presídio de Tremembé de onde espera-se nunca mais venha a sair. Mas, cumprir a pena ou mesmo vir a morrer não calará em nossos espíritos a indagação sobre o tipo de desvio que levou esse homem a práticas tão odiosas. Por que um dos médicos mais respeitados e bem sucedidos do país fez o que fez?

Na minha infância dizía-se que nesse mundo tem gente que nasce com o diabo no corpo. Vida afora essa gente praticaria o mal sob as ordens do Cão.  É muito possível que a crença no Cão não passe de uma inclinação para o mal apenas natural em algumas pessoas. Se for mesmo assim Abdelmassih terá sido e continua a ser um fiel representante dessa estirpconosco devotos do mal.

Agulhas no corpo

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Rituais de magia negra com sacrifícios e ações por vingança são mais comuns do que se pensa. Atos de barbárie acontecem sob o manto de seitas religiosas que apelam para rituais extremados em nome de suas esdrúxulas crenças.

Quem não se lembra do reverendo Jim Jones, pastor evangélico norte-americano que fundou a igreja “Templo do Povo”? Esse Jim Jones passou à história por reunir-se com seus fiéis na Guiana onde fundou, no meio da selva, uma cidade ao qual deu o nome de Jonestown. Nesse lugar Jones conduziu seus fanáticos seguidores ao suicídio coletivo provocado pela ingestão de suco com cianureto. Desse modo, no dia 18 de novembro de 1978, morreram em Jonestown 913 pessoas, entre elas homens, mulheres e crianças. Jones não tomou o suco: suicidou-se com um tiro.

Agora surge um caso estranho na cidade de Ibotirama, interior da Bahia. Um homem, ajudado por duas mulheres, colocou mais de 40 agulhas no corpo de uma criança de 2 anos de idade. Consta que uma das mulheres pertence a uma seita religiosa.

No momento a criança está em estado grave porque uma das agulhas perfurou o pulmão. Segundo os médicos é mais perigoso tentar retirar as agulhas do corpo do que deixá-las onde se encontram.

O confesso autor do crime é padrasto da criança e afirma tê-lo perpetrado para vingar-se da mãe dela. A repercussão do fato já atravessa as fronteiras do país: agências internacionais de noticias já divulgam o acontecimento ocorrido em Ibotirama.

Pertencem à psiquiatria as explicações sobre os móveis mentais que levam pessoas a praticarem tamanha barbárie. Trata-se de caso no qual a fronteira entre o humano e o animalesco torna-se identificável. À maldade intrínseca ao ato hediondo cometido soma-se o ritualismo demoníaco que domina espíritos exaltados e capazes de ações extremadas. A vingança confessada pelo autor do crime representa apenas a superfície do ato consumado. Atravessando-se a barreira por si só ilógica da ação perpetrada abre-se um abismo de variáveis, nem todas elas conscientes e suficientemente claras para explicar o que aconteceu.

O exercício do mal não se explica através de simples comparações com normas esperadas de conduta. O mal é complexo; as almas que a ele se dedicam mais complexas ainda.