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Depois do carnaval
Os penúltimos foliões estão a caminho de casa. Não serão os últimos porque restam, país afora, blocos e desfiles de escolas vencedoras nos desfiles de rua. A folia invade a Quaresma, Mas, é por pouco. Findo o carnaval, o ano começa por aqui. A realidade se impõe, simples assim.
Que realidade? Ora, a de um mundo que há tempo perdeu o controle sobre si próprio. Mundo sob o comando da paranoia coletiva em relação ao que quer que seja. No qual ninguém se entende. Polarizações, extremismos, homofobia, miséria, racismo etc. Sem falar na ameaça de epidemias. A prometida no momento é a causada pelo coronavírus.
Mas, ela ainda não aconteceu. Cercada por atitudes histéricas o projeto de nova epidemia alimenta temores que, por enquanto, se revelam exagerados. Há, sim, que se ter cuidado, muito cuidado. A higiene das mãos está entre as prioridades. A busca da vacina a ser produzida em prazo recorde avança nos laboratórios do mundo. De fato, não é impossível que a epidemia se alastre. Mas, mais que nunca, o bom senso é necessário
A ameaça de epidemia que pode se tornar uma pandemia leva-nos a 100 anos atrás quando a gripe espanhola se instalou em várias partes do mundo, provocando a morte de milhares de pessoas. No Brasil faleceram 35 mil pessoas em decorrência da gripe que não respeitou pessoas importantes e fortunas. Vítima célebre o presidente eleito, Rodrigues Alves, que assumiria o governo em fins de 1918. Alves já fora presidente entre 1902 e 1906, período no qual realizara a reurbanização do Rio de Janeiro. Eleito para o segundo mandato o presidente não chegou a tomar posse, vitimado que foi pelo vírus da gripe espanhola.
Meu pai e tios eram jovens em 18, mas guardavam lembranças da epidemia. É preciso recordar que, naquela época, não existiam no país condições mínimas na área de saúde para enfrentar tamanha epidemia. Consta, por exemplo, que foi a epidemia o fator decisivo para que, a partir daí, começassem a existir hospitais públicos. Tanto que pessoas doentes, sem lugar para onde pudessem se dirigir em busca de socorro, seguiam para delegacias de polícia. Acrescente-se a então incipiente produção de medicamentos que só anos mais tarde passariam a ser produzidos em larga escala pela indústria farmacêutica.
Atualmente o mundo se apresenta mais bem preparado para o combate a pandemias globais. Evidentemente, persistem regiões nas quais a miséria é a condição predominante, regiões essas mais sensíveis à rápida disseminação de doenças. Mais bem preparado não quer dizer que o coronavírus não venha ser ameaça preocupante. Mas, bom senso, cuidados pessoais e vacinas serão o caminho para vencer mais essa etapa de nossa história.