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Incrições tumulares
Morte é o fim, mas há que se pensar no que fazer com os restos mortais de quem passou desta para a melhor. A maioria dos mortos é enterrada em cemitérios, mas é crescente o número de cremações. Não sei se você já presenciou alguma cremação. Compareci a uma por ocasião do falecimento da mãe de um amigo. A cerimônia é simples, tocante. No momento final os presentes são levados a uma espécie de teatro onde assistem à despedida do morto que está sobre um palco. Ditas as últimas palavras o caixão é abaixado, lentamente, e desaparece. Simples assim, meio desconfortável para quem está habituado com a cerimônia em cemitérios, com descida do caixão à cova e a terra sendo jogada sobre ele. Pelo menos foi assim que me senti, imaginando que o corpo da pessoa conhecida iria logo depois ser queimado.
Há religiões que não aceitam a cremação. A Igreja Católica é favorável aos enterros embora admita cremações quando não realizadas com intenções materialistas. Em todo caso se alguém quiser ser cremado deve registrar em cartório o seu desejo ou pedir a um parente próximo que requisite o serviço por ocasião do falecimento.
Confesso que não tinha nada contra visitas a cemitérios, na verdade sempre achei interessante observar as inscrições nas lápides nas quais se colocam o nome da pessoa, data de nascimento e de morte, por vezes uma fotografia e uma frase relacionada às saudades dos parentes. Acho admirável o Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, o qual com seus túmulos majestosos tornou-se atração turística da capital argentina. Entretanto, de tempos para cá, passei a não gostar de cemitérios, talvez em função da idade que avança e por me sentir mais próximo do fim que do começo da vida. Vai daí que me pergunto sobre se prefiro vir a ser enterrado ou cremado e, sinceramente, não sei dizer qual a minha preferência de vez que me parece que, uma vez morto, tanto faz o que vier a me suceder.
Mas, falo sobre esse assunto porque a tecnologia avança e ameaça até mesmo mudar as coisas em cemitérios. Acontece que um alemão acaba de lançar a ideia de substituir as tradicionais inscrições tumulares por QR codes. Como você sabe as QR codes são códigos de barras em 2D que podem ser lidos por qualquer celular moderno. Trata-se de um conjunto de barrinhas que podem ser convertidas em texto, no caso dos túmulos em informações sobre as pessoas que neles estão enterradas. Assim amplia-se a possibilidade de utilização desses códigos que já são encontrados em latas de bebidas, banners, camisetas etc. Segundo o alemão a ideia é baratear o preço das lápides.
Caso isso venha a acontecer será interessante no dia de finados ver pessoas, celular em punho, andando nos cemitérios e identificando túmulos por meio dos QR. Cá entre nós isso está mais para cena de filme que para coisa real. Entretanto, neste mundo em que a tecnologia invade todos os redutos, por que não nos cemitérios? Pois já está acontecendo em uma cidade na Dinamarca onde os túmulos de um cemitério estão recebendo QR codes daí os visitantes terem acesso a informações sobre a pessoa que morreu, fotos, vídeos e até arquivos de áudio. O recurso também está sendo utilizado para resgatar informações sobre pessoas que tiveram importância social, política e cultural (a informação é da BBC Mundo).
Ao futuro, então.