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Paixão não se discute
Tenho um amigo que é santista roxo. Dia de jogo do Santos é sagrado. Se o jogo acontecer na Vila Belmiro, então… Não vou dizer que seja o primeiro a chegar ao estádio, mas ele estará lá quando o jogo começar.
Quando o Robinho deu aquelas pedaladas no Santos, forçando a barra para ir jogar no Real Madri, o meu amigo variou do desconsolo à fúria. Traidor- repetia ele – dizendo que Robinho tinha, sim, o direito de ir embora, mas não cuspindo no prato que comeu.
Após o jogo em que a seleção brasileira foi desclassificada, na Copa de 2006, o meu amigo não perdoou Robinho pelo jeito como ele se comportou: terminada a partida, Robinho teria saído do campo sorridente como se tivesse participado de uma pelada. Não sei se foi assim, mas o meu amigo, cheio de raiva, leu desprezo no rosto do jogador. A raiva foi manifestada, também, há pouco tempo, quando Robinho andou metido numas encrencas na Inglaterra. Na ocasião o meu amigo sentenciou:
- Eu não disse? Esse cara…
Pois, há dois dias o meu amigo me ligou. Estava radiante: Robinho estava de volta ao Santos, por período curto, mas isso não importava. Como eu sabia da bronca dele em relação ao jogador, dei uma cutucadinha dizendo que a volta não seria pelo amor ao Santos, mas pela oportunidade de jogar a Copa do Mundo.
O meu amigo nem se deu ao trabalho de responder à minha provocação. No dia seguinte, o da chegada de Robinho, lá estava o meu amigo, santista roxo, na Vila Belmiro, fazendo parte dos 12 mil torcedores que foram receber o grande jogador.
Conversamos hoje de manhã. O meu amigo continua muito entusiasmado, feliz da vida pela volta do Robinho:
- Ele veio de helicóptero. Entrou junto com o Pelé. Dois reis, meu amigo, dois reis…
Paixão é paixão e o Santos maior que qualquer divergência. Por essas e outras é que se diz que torcedor é um cara que só tem um órgão no comando de tudo: o coração.