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Amigos e política
As redes sociais mais destroem do que constroem. Para muita gente isso é mais que verdade. Mas, não significa que as redes não consigam mais e mais participantes. Para o bem e para o mal.
Nas redes o que está em jogo é a exposição. Num momento em que as polarizações estão ativadas os prós e contras são acelerados. Daí ser difícil entender porque algumas pessoas seguem na trilha, recebendo agressões tantas vezes desmedidas.
Semana passada um padre que conta com grande número de seguidores decidiu suspender a sua conta. Ele havia afirmado que pessoas presas por terem cometido crimes contra os pais, ou filhos, não deveriam gozar a liberdade concedida no dia em que os pais são homenageados. Como sempre existem os prós e os contras. Ao deixar a rede o padre alegou depressão por ter recebido agressões ao divulgar a sua opinião.
Quando o assunto é política as coisas se tornam mais complicadas. É comum que pessoas ligadas por laços de amizade se reúnam através das redes. Diariamente postam mensagens, comemoram datas, comunicam falecimentos etc. Mas, o caldo entorna quando alguém se dispõe a dar sua opinião sobre o jogo político.
Ano passado presenciei furioso embate nesse sentido. Amigos que se conheceram no antigo Ginásio - hoje Ensino Fundamental – reencontraram-se depois de garimpo atrás dos velhos colegas. Localizados, identificados, logo se puseram em uma rede na qual passaram a postar mensagens. O problema surgiu quando um deles passou a defender Lula que teria sido injustamente condenado e preso. De repente ouviram-se vozes dissonantes. Não demorou para que surgissem os defensores da Laja-Jato. De uma discussão pouco amistosa no início a situação evoluiu para troca de mensagens ofensivas.
A certa altura alguns dos participantes do grupo alegaram sair porque não aceitavam o petista. Por outro lado, o petista não poupou agressões que, aliás, brotaram de lado a lado. Foi assim que velhos colegas do tempo escolar, gente que não se via há 50 anos, desentenderam-se, irremediavelmente.
Noutra rede de colegas ao tempo de faculdade alguns dos participantes postam mensagens de teor político. Alguns dos participantes solicitam, com frequência, que os antigos companheiros falem sobre tudo, menos política. Mas, é preciso considerar a natureza de cada um. A política pode funcionar como espécie de ópio que apaixona. O homem é um ser político. De modo que para aqueles que tem a oportunidade de divulgar suas tendências a rede surge como oportunidade imperdível. Há que se doutrinar, convencer os outros… A ver no que vai dar.
Uso as redes para comunicações familiares. Ou contatos e comunicações necessárias. Trata-se de um excelente meio que agiliza procedimentos do dia-a-dia. Não sei dizer se as redes mais destroem que constroem.
Roubando comida
Meninos e meninas eu vi, pela internet, uma mulher roubando comida. Trata-se de uma enfermeira inglesa que passou a mão – a colher - na comida de uma paciente. A cena foi flagrada por meio de uma filmadora escondida pelos filhos da paciente e o vídeo agora corre o mundo.
Não sei do que os filhos da paciente estavam desconfiados; se era de maus tratos calo a minha boca. Mas, se fosse só de roubo comida creio que deveriam ter despedido a enfermeira, poupando-a de tornar-se conhecida mundialmente de forma tão grosseira.
O que se vê no filme é uma senhora de idade, sentada junto ao leito de uma paciente, comendo desonestamente a comida que não lhe pertence. Ela usa óculos, tem cabelos brancos, veste blusa vermelha e calça preta. Comporta-se comedidamente e joga no lixo o resto da comida. O vídeo mostra apenas cena que seria comum caso um acompanhante de hospital comesse os alimentos recusados por um paciente.
Mas, como não conheço as circunstâncias desse caso que se tornou de polícia, é possível que algo de muito errado, que não se mostra no vídeo, tenha ocorrido. Entretanto, se ficarmos só com o filme, a verdade é que a cena é capaz de provocar pena. O que se vê é uma senhora idosa simplesmente comendo, saciando a fome em hora e lugar errados. Há alfo de primitivo nesse ato tão simples que nos iguala a outros animais, algo de compulsivo, talvez irresistível. Por essa razão uma mulher com a cabeça enfiada num prato foi levada à polícia e está na primeira página de um dos maiores sites brasileiros.
Ok, pode não ser nada disso, posso estar fantasiando, que me perdoem. Quem sabe a enfermeira é uma grande criminosa como aquela Debbie que se casou com o Fester Addams no segundo filme da família Addams. Ela veio para ser babá dos filhos do casal Addams e deu no que deu. Aquela Debbie era de amargar, quem sabe essa enfermeira também seja. Mas, se ficarmos só no que mostra o videozinho da internet…
Meninos e meninas eu vi, pela internet, uma mulher roubando comida. Mas, não foi isso o que realmente me chocou. Para ser franco o que me atarantou a cabeça foi a importância dada a um fato como esse, exibido em escala mundial. O que realmente importa notar não é o roubo de comida, mas o vídeo de um flagrante curioso. Também pouco importam as circunstâncias do acontecimento dado que o vídeo é acompanhado de um texto mínimo no qual apenas se diz que a enfermeira flagrada roubando comida foi levada à polícia.
Meninos e meninas, estamos, cada vez mais, nos tornando escravos do vídeo, de mensagens incompletas e tantas vezes comprometedoras. O importante é postar depressa, antes dos outros e fazer sucesso.
Você sabe qual é, no momento em que escrevo, o primeiro lugar no TOP 5 dos usuários do FACEBOOK? Não? Então, é um vídeo de uma mulher que, em Buenos Aires, caiu do 23º sobre um táxi. Ela tem 30 anos de idade e não morreu. O segundo é…
Cuidado, vocês podem ser flagrados e parar no TOP 5. Acautelem-se: as redes sociais podem engolir vocês a qualquer momento.