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Só para lembrar
Renan Calheiros no Conselho de Ética, cúpula petista favorável ao retorno de Delubio Soares ao partido, políticos mudando de sigla a meio caminho de seus mandatos. A política brasileira continua a de sempre e não invejo os comentaristas políticos que diariamente esgrimam nos meios de comunicação, tentando explicar o inexplicável.
Enquanto isso a oposição se esfacela, tropeçando em seus próprios calcanhares. Nenhuma novidade no front, nenhuma proposta nova, tudo como dantes no quartel de Abrantes. As duas frases anteriores espelham a política brasileira atual: um achado de lugares-comuns dos quais se locupleta um público cada vez mais desinteressado.
Existem meias-verdades que podem tornar-se úteis, quem sabe até se converterem em verdades completas. A coisa se passa como naquele poema do Drummond que fala sobre uma porta pela qual só pode passar metade da verdade, nunca uma verdade inteira. No final das contas as duas meias podem depois se juntar e não se sabe bem no que vai dar. A ideia do poema se aplica bem à política: estamos sempre sendo informados de parte de um fato que passa a ser pelo menos metade da verdade sobre ele. A outra metade vem mais tarde, em geral com aval de gente importante. Nesse sentido o caso do Delúbio é exemplar. A primeira meia-verdade era a de que ele estava sendo injustiçado. Assim, com o dedo da Justiça apontado para ele, mas defendido até pelo presidente, ele passou pela porta. A segunda meia-verdade é essa de agora quando líderes do PT decidem colocar fim ao exílio do antigo tesoureiro. Na reunião do partido a acontecer no próximo final da semana Delúbio será reincorporado e a segunda metade atravessará a porta. O que não se sabe é no que vai dar quando as duas meias se juntarem e a impunidade brilhar na escuridão.
Em todo caso não custa lembrar: houve um tempo em que fomos bombardeados por notícias sobre corrupção, políticos renunciaram para não serem cassados e tesoureiros foram afastados de seus cargos. Monumentais acusações fizeram tremer a República e botaram no chinelo aquela outra história de corrupção, a do PC Farias, que derrubou um presidente. Mas, agora a tempestade passou, os que se molharam trocaram de roupa e estão de volta. Caras limpas, como se nada houvera acontecido, página virada, sorrisos largos como convém aos ressuscitados.