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Coisas da cidade
Na medida em que se encurta o tempo que nos separa das eleições os candidatos tornam-se mais aguerridos, muitos até demonstrando desespero. O caso da disputa pelo cargo de prefeito na cidade de São Paulo serve como exemplo do que se passa no país. Em São Paulo os partidos mais representativos, PSDB e PT, não escondem a surpresa de se verem preteridos por um candidato que logra atingir as classes menos favorecidas e acumula pontos em sua escalada nas pesquisas de intenção de voto.
Mas, por que isso acontece? Se prestarmos atenção nos últimos dias analistas políticos tem-se debruçado sobre o assunto, buscando explicações para a quase certa vitória de Russomano. Em geral o tom das análises insinua que ao eleitor interessam o novo e propostas que o seduza. No PSDB o candidato Serra nem de longe sugere novidade; no PT o candidato surfa sobre uma onda de dúvidas a respeito da idoneidade do partido e de seu próprio líder envolvidos que estão com as denúncias em andamento no julgamento do mensalão.
Agora que a eleição está próxima crescem as acusações entre candidatos e até uma disputa entre religiões é trazida, absurdamente, ao cenário das discussões. Entretanto, em meio a toda essa balbúrdia constata-se que ao eleitor não ficam claras as intenções dos candidatos caso venham a ser eleitos. A tônica dos pronunciamentos não foge aos clichês de melhora nas áreas de saúde, educação, transportes e segurança embora não seja possível distinguir, com clareza, as estratégias a serem adotadas para que isso venha a acontecer.
No final das contas o que consola é pensar que talvez no futuro as coisas não fiquem piores do estão hoje em dia. Mas, o que realmente dói é saber que com planejamento, boa vontade e muita idoneidade a cidade pode melhorar e com ela a vida de milhares de pessoas que nela vivem.
A religião na política
Estamos bem longe dos radicalismos observados nos países islâmicos, nem por isso livres dos entrelaçamentos das religiões com a política. Por aqui não se cometem atentados, não se matam embaixadores e não se cometem outros crimes em nome da defesa da fé ultrajada. Entretanto, não deixa de causar espécie o embate entre igrejas provocado pela realização das próximas eleições municipais na cidade de são Paulo.
A quem atribua a culpa ao Russomano até ontem um azarão em quem ninguém apostaria para vencer e tornar-se prefeito da capital. Ligado às igrejas evangélicas Russomano tem recebido delas apoio fato que levou a igreja católica a pregar contra ele. De repente a eleição para o cargo de prefeito da capital transforma-se em motivo para que as igrejas passem a medir forças, recomendado a seus fiéis em quem votar - ou contra quem - no dia 7 de outubro.
Do que muita gente se esquece é de que a culpa por esse imbróglio na verdade é dos partidos PSDB e PT cujas faces já não convencem ninguém, o primeiro repetitivo, sem novidades, o segundo acusado de corrupção conforme vai se vendo com a evolução do julgamento do mensalão. Diante disso Russomano surge como alguém fora do esquema que cai no gosto popular e ameaça ser mesmo eleito exceto se algo muito grande vier a interromper a ascensão dele nas pesquisas.
Ainda bem que não voto na capital. Imagino o que deve se passar na cabeça do eleitor consciente diante de escolhas tão contraditórias. Mas, o pior, pior mesmo, é que enquanto os candidatos se engalfinham em acusações recíprocas, a cidade e seus problemas vão sendo esquecidos. Chavões, promessas, discursos de efeito são proferidos sem que tenham força para sensibilizar os eleitores mais interessados na solução de problemas que tornam a vida na capital senão inferno, pelo mesmo purgatório. Que o digam as ruas escuras, o trânsito infernal, a insegurança, os problemas da periferia etc.
Mas, afinal, a eleição para prefeito da capital se enquadra na escolha do melhor administrador ou se trata apenas de questão de fé?