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Ruy Barbosa
Está na internet um depoimento do Prof. Silveira Bueno sobre Ruy Barbosa. Silveira notabilizou-se por longa carreira no mundo das letras, tendo publicado vários livros. Aliás, um deles sobre oratória.
Silveira Bueno teve o privilégio de assistir a três apresentações de Ruy Barbosa. Delas concluiu que Ruy jamais foi um bom orador. Segundo Silveira Ruy, homem de baixa estatura, notabilizava-se pelos seus textos, comparáveis ao do Padre Antônio Vieira de quem, aliás, foi aluno. Mas, a grandeza do texto não se coadunava com a voz monocórdica que, nas horas de duração do discurso, acabava cansando.
É um grande prazer ouvir as palavras de Silveira Bueno quando já muito idoso - morreu aos 101 anos de idade. Há que se destacar, entretanto que, embora a autoridade de Silveira no assunto em questão, sua opinião não coincide com conterrâneos de Ruy. Aliás, a memória sobre Ruy Barbosa que persiste até hoje, tem-no como não só uma das mais brilhantes inteligências de nossa história, assim como grande orador. Agregado à imagem de Ruy está o epíteto “Água de Haia” referente à sua fenomenal participação como Delegado do Brasil na Conferência de Paz realizada em Haia, em 1907. Naquela ocasião Ruy notabilizou-se pela defesa da igualdade dos estados.
Grande orador ou não, impossível ignorar a figura de Ruy Barbosa a quem se interesse pelo passado de nossa história. Ruy foi figura de grande proeminência no seu tempo. Indicado para o ministério pelo primeiro presidente da República, Deodoro da Fonseca, Ruy ocupou a pasta da Fazenda, tendo proporcionado grande emissão de papel-moeda que caracterizou o encilhamento. Também a Ruy se deve a elaboração, junto com Prudente de Moraes, da primeira constituição republicana.
Há muito o que se dizer sobre Ruy Barbosa, grande orgulho das gentes brasileiras. Em 1910 candidatou-se á presidência da República, sendo derrotado pelo Marechal Hermes da Fonseca.
Na atualidade desencanta-nos o tom da oratória proferida pelos representantes que ocupam cargos públicos em todo o país. Raramente se ouve alguém capaz de entreter-nos, não só pela natureza do discurso, mas pela beleza de sua oratória.
Aliás, já não se vive tempos em que a oratória seja um dom a ser aprimorado, exceto para melhora em comunicações. Não faz muito, era bastante comum pessoas egressas da primeira metade do século XX ainda perseguirem a melhor dicção em discursos. Grassava por aí o famoso “peço a palavra” …
Hoje em dia existem cursos de oratória que atendem a interessados. Mas, nada por diletantismo. O que se busca é a melhora nas performances para que se alcance maior projeção nos meios em que as pessoas atuam.