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Futebol e emoção
Ontem Santos e Corinthians empataram no Pacaembu. O Santos com um time de jovens arrancou o empate no segundo tempo.
Os jornais noticiaram sobre o famoso jogo, realizado em 1968, entre as duas equipes. Naquela ocasião o Corinthians não vencia o Santos há 11 anos. Eram os tempos em que Pelé vestia a camisa santista. Mas, o Corinthians havia feito contratações importantes, entre elas a Paulo Borges. E, no Corinthians, jogava ninguém menos que o grande Rivelino.
Foi um jogaço. Pacaembu lotado, jogo difícil. Até que, no segundo tempo, Paulo Borges recebeu a bola na esquerda do ataque corintiano e desferiu portentoso chute. A bola balançou as redes santistas e o Pacaembu veio abaixo.
A razão de ser desse texto é justamente o momento do gol de Paulo Borges. Eu era um dos milhares de espectadores daquela memorável partida. Ainda hoje me recordo com clareza do momento em Paulo Borges enviou a bola ao gol do Santos. Mais que isso, o importante é o que aconteceu a seguir. Havia na garganta da torcida corintiana um grito contido durante 11 anos. Esse grito jactou-se com inigualável furor no momento do gol. Tamanho delírio não terei presenciado em nenhuma outra ocasião em que eu compareci a estádios de futebol. Tamanha a loucura que pessoas atiravam ao ar o que tinham nas mãos. Então surgiram as marmitas… Marmitas voando. A gente sofrida que pagava o preço mais baixo das gerais alcançava seu momento de glória. Repito: uma loucura.
Ficaram na memória aqueles momentos de transcendência. O ano era 1968 em cujo final estava nos reservado o AI-5. Eu era um desses estudantes que viera do interior tentar a sorte na capital.
O Corinthians ainda fez o segundo gol, marcado pelo centroavante Flávio. Na volta para casa, dentro do ônibus, muita festa. O tabu havia sido quebrado.