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Campo de batalha
Há quem diga que em alguns países as relações humanas são mais pacíficas. O respeito ás pessoas e ao espaço alheio está na base de comportamentos amistosos nos quais, antes da agressão, impõe-se o benefício da tentativa de entendimento entre as partes. Fora disso é a batalha, a guerra.
Batalha entre pessoas é ao que se assiste diariamente nas ruas. Razões existem e muitas, algumas delas até mesmo justificáveis. Não há que se negar que certas disputas servem como embrião a desentendimentos nos quais interesses conflitantes tornam impossível o consenso entre as partes. Entretanto, o que não se aceita e não se justifica é essa predisposição ao confronto que faz dos motivos mais fúteis pressupostos para agressões.
Acontece no trânsito, no trabalho, no condomínio, no campo de futebol, enfim em toda parte. Pelo motivo mais banal ofensas são trocadas muitas vezes evoluindo para ações inesperadas e perigosas. Todo mundo sabe disso, faz parte do senso comum que um pouco de paciência ajuda muito, mas na hora H a reação contra algo tomado como ofensa dita o tom das respostas. Muita gente morre por causa de um simples esbarrão. Ontem mesmo um homem foi morto a tiros numa agência bancária. A razão? Ora, três dias antes, na sexta-feira, esse homem foi ao banco e teve dificuldade em passar pela porta giratória. Esse fato gerou discussão com o segurança do banco e ficaria por isso mesmo se, na segunda-feira, o homem não voltasse ao banco para tirar satisfações com o segurança. O resultado dessa ação tresloucada foi que o segurança acabou atingindo-o com tiros pelas costas, pelo que veio a falecer.
Não creio que alguém possa encontrar algum nexo nessa história, algo que justifique a perda de uma vida. Aconteceu e pronto. Trata-se do tipo de fato no qual um pouquinho de bom-senso teria evitado a tragédia.
O fato é que as pessoas estão cada vez mais se afastando umas das outras, estabelecendo-se entre elas um muro de incompreensões. Parece andar solto por ai um estado latente de ódio, granada pronta para explodir ao menor toque. Falta urbanidade e amizade, talvez uma campanha que faça as pessoas se lembrarem de que, afinal, somos humanos daí pelo menos alguma solidariedade dever existir entre nós.
Tudo isso pode soar como bobagem, palavras ao vento etc. Tudo bem. Então que alguém arranje um jeito diferente de dizer que urbanidade traz felicidade e que os dias são bem melhores quando não se sofre algum tipo de agressão verbal ou física. O que não pode acontecer é uma coisa como essa do camarada morto a tiros porque se desentendeu com o segurança. Se você viu na televisão as imagens da execução do homem com tiros dados pelas costas certamente se terá se perguntado como uma discussão banal pode resultar em cenas tão grotescas e absurdas. Não custa também lembrar que, consumado o crime, a tragédia continua para as famílias que perdem entes queridos, um morto, outro recolhido à prisão.