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Compostagem humana
A tradição nos leva a cuidar de nossos mortos. O ato de enterrar pessoas é tão antigo quanto o ser humano. Morria-se mais em casa no passado. Velava-se o corpo na sala da casa onde os próximos se despediam do falecido. Ainda é assim em muitos lugares. Os novos tempos levaram os cadáveres para velórios externos. Há velórios em hospitais, funerárias e cemitérios. Corpos podem ser sepultados ou cremados. Houve tempo em que a cremação era proibida pela Igreja. Ouvi de fiéis que no juízo final, momento da ressurreição dos corpos, os cremados não teriam como ressuscitar. Hoje a Igreja não proíbe a cremação. Católicos podem ser cremados.
Compostagem humana é a utilização de restos humanos para adubar o solo. Empresas de compostagem afirmam que sepultamento e cremação não são atitudes ecológicas por envolverem energia, produção de gás estufa e uso do solo.
Leio que a empresa norte-americana Recompose desenvolveu um método no qual o corpo é colocado dentro de um contêiner, junto com palha e lascas de madeira. Nesse ambiente as bactérias têm condições ideias para realizar o seu trabalho. Mesmo dentes e ossos passam a fazer parte do composto.
Por mais que alguém possa detestar seu próprio corpo o fato é que não há como não cuidar da sua preservação. Isso em vida. Há quem diga que tanto faz o que se fará com o seu cadáver de vez que, depois da morte, isso pouco importa. Mas, também é fato que se vive dentro dessa massa de músculos e ossos durante muito tempo para não se preocupar, só um pouquinho, com o que será feito dela depois da morte. Eu não serei mais eu, mas e daí?
Não imagino como você reagiria caso recebesse a proposta de deixar o seu corpo para compostagem. Entretanto, parece que há muita gente que acha isso muito normal. No Estado de Washington, EUA, acaba de ser legalizada a compostagem humana. A lei descreve a compostagem como “conversão acelerada dos restos humanos em terra”.
Quem assistiu à série GoT, que acaba de terminar, presenciou uma enormidade de assassinatos. Os cadáveres eram queimados em fogueiras. Em certo capítulo perguntou-se sobre um falecido se deveriam queimá-lo ou enterrá-lo. Em outro, ao pai de uma jovem morta, o lord ordenou que a boa carne dela fosse servida para alimentar soldados. A dúvida do pai era justamente se ela deveria ser queimada ou enterrada.
A morte é e sempre será situação intratável. Sabemos que a vida é finita, que a morte nos espreita, que um dia virá, apartando-nos do mundo. Caso tivesse que opinar entre sepultamento e cremação não sei dizer qual seria a minha escolha. Agora, seguir para a compostagem…