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Não consigo parar de matar…
Há quem discorde, mas considera-se que desequilibrado é desequilibrado, louco é louco, todos eles sujeitos a períodos de melhora e piora segundo a etiologia e tratamento de seus males.
Pode-se entender a loucura apenas como um discurso diferente do usual, conforme professa determinada escola psiquiátrica. Pode-se também discutir a validade do recolhimento de loucos a hospícios e, no caso de criminosos, a manicômios judiciários. O que não se pode é desprezar o potencial dos desequilíbrios e da loucura.
Quem ensinava isso era um grande mestre de psiquiatria, já falecido. Alertava ele aos seus alunos quando da chegada deles para estágio num hospício da capital, dizendo:
- Lembrem-se de que louco é louco.
E emendava:
- Anos atrás visitou-nos um psiquiatra norte-americano que adotava interpretação diferente sobre a loucura. Estava ele entre os internos do hospício quando viu um rapaz ajoelhado, rezando. Comovido diante de cena ímpar num ambiente como o de um hospício, aproximou-se do rapaz, vindo por trás dele e colocou a mão sobre o seu ombro. A reação do rapaz foi imediata: voltou-se rapidamente e, com o auxílio de uma gilete, atingiu a carótida do médico, ferindo-o de morte.
Após narrar o fato o mestre concluía:
- Todo o cuidado é pouco, meus jovens.
Acaba de ser preso em Luziânia, Goiás, certo Admar de Jesus, acusado de matar seis jovens. Admar relatou ter mantido relações sexuais com todos eles; matou um a um a pauladas, golpes de enxadão e de martelo de pedreiro. Com grande frieza Admar conduziu os policiais ao lugar onde enterrou os corpos e apontou as covas de cada um deles. Em nenhum momento notou-se em sua face qualquer tipo de emoção: matou obedecendo a uma vontade imperiosa que o levou a afirmar:
- Não consigo parar de matar, preciso de ajuda para parar com essas coisas.
O histórico do pedófilo e assassino Admar é de arrepiar. No final de 2009 ele saiu da cadeia após cumprir pena de quatro anos por abuso infantil. Foi beneficiado pela lei brasileira que proporciona progressão de regime por bom comportamento após cumprir 1/3 da pena. De nada valeu um laudo psiquiátrico realizado em julho de 2009 no qual Admar foi classificado como “psicopata perigoso” devendo ser mantido isolado. O laudo foi ignorado, Admar saiu em liberdade condicional e, uma semana depois, matou um menino que cursava a 9ª série do Ensino Fundamental.
Admar relata contrato com quadrilha de traficantes que atua em rede de pornografia na internet. A quadrilha estaria pagando-o parar realizar serviços de cobrança e matar pessoas. Mais importante é a justificativa do serial killer para os crimes que cometeu:
- Recebo uma voz do além, que me manda fazer essas coisas, acho que é o Capeta.
Um desequilibrado é preso, condenado a pena de doze anos por abuso infantil. Tem bom comportamento, sai em liberdade condicional e volta a fazer o que dele se espera. Desgraça realizada é hora dos teóricos se debruçarem sobre o problema, acusando pessoas que devolveram às ruas um serial killer. De um lado os benefícios da lei, de outro o laudo incrivelmente ignorado, atestando a psicopatia de Admar. Mais distantes e apagadas, as famílias de jovens brutalmente desaparecidos que agora passarão pelo horror da identificação de seus filhos.
Não precisava acontecer e é muito possível que não se identifiquem responsáveis. Coisa do Capeta? Inaceitável.