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Serviço Militar Obrigatório
O Ministério da Defesa quer tornar obrigatório o serviço militar para médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários. Universitários dispensados por excesso de contingente ou por estarem na faculdade poderão ser convocados após a formatura. Quer-se, desse modo, levar profissionais de saúde para trabalharem em áreas remotas do país.
Segundo as leis vigentes profissionais da área de saúde com certificado de reservista podem ser chamados para o serviço militar, mas a Justiça tem entendido que a lei não se aplica a quem foi dispensado por excesso de contingente antes de entrar na faculdade.
A idéia não é nova. Quando da minha formatura, ainda durante o regime militar, os membros da minha turma foram convocados ao QG do Ibirapuera. Creio que a maioria fora dispensada justamente por excesso de contingente.
Lembro-me de que atendemos ao chamado com alguma apreensão. Afinal eram tempos bicudos e a ditadura militar causava-nos certo temor. Entretanto, toda a apreensão revelou-se desnecessária: fomos muito bem tratados, na verdade consultados sobre o interesse de cada um em entrar para o Exército.
Creio que poucas pessoas revelaram interesse e somente um dos meus colegas efetivamente seguiu a carreira militar. Dado curioso foi o de um colega, na época já casado e receoso de que fosse obrigado ao serviço militar. Ao ser atendido por um oficial ele foi logo dizendo que não poderia servir porque era casado. Ao que o oficial respondeu:
- Eu também sou casado e estou no Exército.
O problema da excessiva concentração de profissionais da área de saúde nos grandes centros e suas proximidades realmente requer atenção. Não se pode esquecer de que existem regiões imensas onde inexistem ou há falta de profissionais, fato que acarreta sérios problemas às populações locais. Por outro lado, há que se ressaltar que muitos profissionais não querem ir para essas regiões pela absoluta falta de meios para exercerem as suas profissões. Existem casos conhecidos de atendimento ineficiente por falta de recursos e que evoluem para o óbito, não sendo raro que a culpa recaia sobre os profissionais responsáveis pelos serviços.
Não há como não ver com bons olhos a iniciativa das autoridades em suprir regiões com profissionais de saúde que deles precisam. Mas o problema não será resolvido apenas com a obrigatoriedade do serviço militar. Há que se pensar no estabelecimento de infra-estruturas e no respeito às opções individuais. Obrigar pessoas ao trabalho contra a sua vontade talvez não seja a melhor solução. Além disso, não custa valorizar uma carreira como a militar mostrando os seus atrativos aos jovens recém-formados, muitos deles ainda indecisos quanto ao seu futuro posicionamento no mercado de trabalho.