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Quadro de Magritte roubado
Você soube? O quadro intitulado “Olympia” do pintor surrealista belga René Magritte foi roubado de um museu em Bruxelas. Dois ladrões gastaram apenas dois minutos para realizar a façanha e levaram a obra de arte cujo valor está estimado entre 750 mil e 3 milhões de euros.
Magritte pintou “Olympia” em 1948 e utilizou como modelo sua mulher Georgette Magritte. Consta que para a realização do quadro ele inspirou-se numa tela de Edouard Manet.
Magritte pertence ao movimento conhecido como surrealismo, iniciado por Andre Breton que, em 1924, publicou o “Primeiro Manifesto Surrealista”. Nele Breton expôs as bases do novo movimento: tratava-se de um meio para liberação integral da mente e de tudo que com ela se relacionasse. A partir desse pressuposto Breton propôs o método conhecido como “escrita automática” que consistia em escrever o que vinha diretamente à mente, ignorando a censura do superego. Paralelamente desenvolveu-se o “desenho automático” e, em 1925, realizou-se em Paris a primeira exposição Surrealista com a participação de Pablo Picasso, Man Ray, Jean Miró, Paul Klee e Giorgio de Chirico, entre outros.
Breton admirava muito Magritte a quem considerava originalíssimo. De fato, os quadros do pintor belga são bastante originais começando pela incongruência entre os seus títulos e o tema ou assunto da obra. Nesse sentido é famoso um quadro, de 1928, chamado “A traição das imagens” no qual é representado um cachimbo acompanhado de uma legenda onde se lê: isso não é um cachimbo.
Os quadros de Magritte são dotados de características próprias para sugestionar os seus observadores dando vazão a aspectos imaginosos e oníricos. No famoso “A Estrada de Damasco” (1966) vê-se, ao lado de um homem, um terno de funcionário e um chapéu- coco o que nos leva a imaginar o homem como uma criatura sem cérebro. Em “Moto-perpétuo”(1965) um homem segura um peso no qual uma das bolas é a sua cabeça. A idéia de movimento perpétuo possibilitando a troca da cabeça pelo peso vazio de idéias sugere a capacidade de pensar ou não.
O agora desaparecido “Olympia” mostra uma mulher nua que tem sobre o seu abdome um caracol. Como em outras obras do pintor há algo fora do lugar numa cena que seria a simples presença de uma mulher nua a tomar sol junto ao mar. Ocorre que ela tem o caracol sobre a barriga e o observa como se ele, asqueroso naquele lugar, pudesse penetrá-la. Nada sugere que a mulher pretenda tirar o animal dali, dado que seu braço repousa ao lado do corpo.
Para Breton a nova arte surrealista deveria expressar os desejos ocultos das pessoas com a inocência da infância. Magritte pertenceu à linha dos surrealistas que pintavam objetos e pessoas reconhecíveis, mas colocando-os em situações incomuns. Nesse sentido “Olympia” é uma tela de acesso visual fácil, porém a inusitada presença do caracol torna-a aberta a vários significados.
O jeito é torcer para que “Olympia” retorne, o mais depressa possível, ao museu de onde foi roubada.