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Cronistas esportivos

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Está na internet uma relação de jornalistas cujos comentários despertaram a ira de seus ouvintes. Quase todos eles comentaristas de futebol. É preciso muito cuidado com o palavreado. Dizer o que se pensa pode acabar em embrulho. Mexer com a paixão de torcedores, técnicos, jogadores, dirigentes, enfim toda a gente ligada ao esporte das multidões, nem sempre dá certo.

Hoje em dia a televisão permite ao espectador tirar suas próprias conclusões a respeito dos lances em gramado. Câmeras muito bem localizadas permitem a visualização de detalhes antes inimagináveis aos espectores. Mas, nem sempre foi assim.

Futebol no Brasil tinha somente dois modos para ser acompanhado: assistir a jogos nos estádios ou ouvir a narração das partidas pelo rádio. Nesse último caso ficava-se à mercê de narradores e comentaristas de cujas interpretações dependiam as impressões e opiniões dos torcedores.

Exemplo disso é o caso da famosa partida da seleção brasileira contra a Hungria na Copa de 1954. Na época tinha a Hungria formidável seleção na qual brilhava o meia Puskas. No jogo o Brasil foi derrotado por 4 a 2. Entretanto, narradores brasileiros atribuíram a derrota a erros do árbitro da partida um tal Mr. Ellis. Daí por diante esse Mr. Ellis passou a ser sinônimo de ladrão no país. A expressão “dar uma de Mr. Ellis” significava agir como larápio. Vale dizer que mais tarde a atuação de Mr. Ellis passou a ser entendida com menos paixão. Perdêramos na bola, embora a excelente plêiade de jogadores que enfrentaram a Hungria.

Nos anos 50 do século passado reinavam no rádio paulista locutores como Pedro Luís e Edson Leite, além de excelentes comentaristas como o famoso Mário de Morais. Um comentarista bastante polêmico era Geraldo Bretas conhecido por não ter papas na língua. A Bretas aconteceu criticar duramente o escrete de 1958 que disputaria a Copa na Suécia. Bretas não acreditava no time e deixava isso muito claro. Entretanto, aconteceu de o Brasil sagrar-se campeão do mundo na Copa em que o jovem Pelé surgiria para o mundo.

Fato é que os torcedores não perdoaram Bretas: houve um jogo no Pacaembu no qual por pouco o comentarista não foi agredido pela massa de torcedores.

Dias atrás o atual técnico do Corinthians irritou-se e meteu a boca na imprensa esportiva, em especial num jornalista que o tinha classificado como “maleável”. O fato deu pano pra mangas e ainda é comentado por aí.

Gente boa essa do rádio e TV com a qual dividimos as nossas paixões pelo esporte. Não há como deixar de ouvir narrações e comentários que nos fazem refletir sobre os jogos a que assistimos.

Repórteres de campo

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Confesso que muitas vezes desligo a televisão e passo a ouvir os jogos de futebol pelo rádio. Acontece quando o meu time joga: fico nervoso vendo o baixo rendimento da equipe pela televisão. Aí passo ao rádio e me entrego aos lances descritos por locutores, comentaristas e repórteres de campo.

Não custa lembrar que pertenço à geração que cresceu ouvindo esportes pelo rádio. Grandes locutores do passado como Pedro Luís, Edson Leite e Fiori Giglioti tiveram carreiras memoráveis. Hoje em dia também dispomos de bons locutores de futebol embora e talvez mais que antigamente, acrescentando emoção maior que o real aos lances narrados.

As entrevistas de bastidores, as falas de técnicos e jogadores antes e depois dos jogos não deixam de ser interessantes. São elas que alimentam a paixão de um público sempre ávido de novidades. Em função disso os programas de rádio que têm como tema o futebol contam com boa audiência. O futebol é paixão nacional e ponto final.

É parte integrante da cobertura radiofônica dos esportes praticados no país a atividade dos chamados repórteres de campo a quem cabem entrevistas com cartolas, técnicos e jogadores. Embora não se possa generalizar não será demais dizer que ultimamente alguns desses profissionais têm se aplicado em obter declarações bombásticas e conflituosas. Em alguns casos acontece até mesmo de o repórter insistir em alguma colocação quando não se empenhar em colocar na boca do entrevistado uma opinião que não é bem a dele. Outro dia mesmo, após um jogo do Palmeiras, um repórter abordou o jogador Valdívia e a todo transe quis arrancar dele revide a uma declaração que teria sido feita por outro jogador. Valdívia defendeu-se dizendo coisas como “que bom para ele”, nitidamente constrangido pela insistência de um repórter que se negava a deixá-lo em paz enquanto não obtivesse uma declaração que daria pano para manga ao longo da semana.

O futebol precisa da mídia, assim como essa vive do futebol. A rivalidade entre torcidas tem o lado bom de tornar o esporte mais interessante e disputado, isso quando não descamba para a violência e a bestialidade. Notícias que alimentem as paixões, desde que sinceras e honestas, contribuem para que o esporte mantenha o seu público cativo. O futebol por si só é grande demais e não precisa de emulações que ferem indivíduos em suas atividades profissionais. Sendo verdade que figuras do esporte são personagens públicos daí a privacidade delas sempre correr o risco de ser devassada, ainda assim entrevistas e comentários tendenciosos devem ser evitados.

Hoje mesmo ouvi pelo rádio a entrevista de um presidente de clube de futebol na qual o repórter aplicava-se em sintetizar as declarações obtidas. Coisa do tipo: então o Sr. está afirmando que… Pois não houve uma dessas sínteses do repórter que não fosse corrigida pelo presidente, dizendo que não afirmara exatamente aquilo. Recentemente uma jovem repórter cujo trabalho consiste em noticiar as atividades de um grane time do interior foi questionada, durante a sua participação em programa esportivo, sobre se tinha alguma notícia sobre noitadas de jogadores e assim por diante. Dizendo que nada sabia sobre isso foi a ela recomendado que “ficasse de olho” porque o público precisa ser informado.

As emissoras de rádio sempre contaram com ótimos repórteres, alguns muito talentosos e inesquecíveis. Muitos deles estão em atividade, daí não se poder generalizar o modo inadequado de buscar notícias que faz parte da rotina de uns poucos.