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Brincadeiras perigosas

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Estávamos na 2ª série do ginásio que corresponde ao atual 6º ano do Ensino Fundamental. Em nossa classe havia um japonês que morava num sítio e sempre trazia coisas de lá pra que víssemos. Certo dia, durante aula de uma professora, houve um grande sururu porque, sem mais sem menos, surgiu uma cobra entre as carteiras. Cobra d´água, verde e muito rápida que espalhou pânico fazendo a molecada correr pra todo lado e a professora gritar desesperadamente. No meio da confusão um aluno não se moveu um só milímetro de sua carteira: o japonês. Graça dele acredite. No sítio do japa - soubemos depois - haviam cobras como aquela, não-venenosas, e ele achou muito engraçado capturar uma delas e soltá-la na sala de aula.

Se bem me lembro, a situação se complicou muito para o japonês de cujo nome não me lembro. Vieram do sítio o pai e o tio que na base de muitas ponderações acabaram conseguindo que o menino não fosse expulso do ginásio estadual. Nem é preciso dizer que a punição da escola nem de longe se comparou à imposta pela família. Aqueles japoneses eram gente muito séria, imigrantes que se esforçavam na lavoura de plantio de frutas. Sei que depois do rumoroso fato o meu colega japonês parece ter entrado nos trilhos tanto que atualmente - segundo me disseram antigos colegas - é proprietário de uma grande empresa exportadora.

Lembrei-me disso ao ler que numa escola de Minas Gerais três alunos deram aos colegas bolinhas de um fruto que todos comeram. Pouco depois todos os alunos que haviam comido o fruto começaram a se coçar. Tão grande foi a coceira que mais de 100 crianças tiveram que ser levadas ao hospital da cidade onde foram medicadas. Essas crianças atualmente cursam os 6º e 7º anos do Ensino Fundamental e a diretora da escola pretende fazer uma reunião com os pais para discutir a situação.

Hoje em dia as coisas tem-se complicado. No caso de Minas é bem possível que os meninos que trouxeram as frutas não atinassem com a extensão do dano que causariam. Mas, e se alguma das crianças ficasse gravemente doente ou morresse?  Em outros casos que têm sido noticiados os estudantes envolvidos são maiores e suas ações muitas vezes causam grandes problemas. Há quem ligue a crescente violência no mundo estudantil ao hábito de jogos eletrônicos nos quais se mata por matar. É longa a história dos temíveis trotes aplicados a calouros em faculdades com consequências tantas vezes desastrosas. Aliás, hoje mesmo se noticia que uma menina de 14 anos pode ter comprometida a sua visão do olho direito em consequência de trote sofrido na frente de uma escola no Rio Grande do Sul. Ela foi atingida no olho por um ovo lançado contra ela e do grave ferimento pode resultar glaucoma ou catarata.

Dirão que quem atirou o ovo não tinha a intenção de ferir. De fato, alunos que fazem aniversário muitas vezes são festejados pelos colegas com a quebradeira de ovos lançados sobre eles. Mas, nada justifica a violência, ainda que sem intenção e ferir.

Um aluno de 33 anos matou, nesta semana, sua professora de 27 anos porque se apaixonou por ela e não foi correspondido. Matou a moça a facadas e colocou fim ao seu desencanto. Crime bárbaro, injustificável, ao qual se somam pequenas e grandes ocorrências que a todo custo devem ser evitadas.