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A pior coisa do mundo
No livro “1984”, de George Orwell, há uma passagem na qual o protagonista fica sabendo que em determinada sala existe a pior coisa do mundo. Trata-se de uma sala de tortura na qual o torturado é submetido a algo terrível. Mas, o que pode vir a ser a pior coisa do mundo? Acontece que para cada pessoa existe uma pior coisa do mundo relacionada aos seus temores. O meu horror é provocado por fatores diferentes do seu daí que o que é pior para mim pode não significar muito para você. Enfim, para cada pessoa existe algo que a ela é absolutamente insuportável, daí figurar como a pior coisa para a qual pode ser exposta.
Lembrei-me dessa passagem do livro cujo conteúdo é mais ou menos o apresentado no parágrafo anterior - li “1984” há muito tempo e emprestei o livro a um amigo que o surrupiou, agregando-o à sua biblioteca particular. Aliás, vale a ressalva de que livros não devem ser emprestados porque a mão que leva raramente se dá ao trabalho de trazer de volta. Dias atrás procurei o livro que Sartre escreveu sobre o poeta Charles Baudelaire e só depois me lembrei de que alguém o levou por empréstimo com a promessa de devolvê-lo em uma semana. São já passados uns três anos e creio que esse livro pode ser incluído na lista dos definitivamente perdidos.
Mas, ao horror. Dizia que me lembrei do texto de Orwell. A razão foi a ocorrência de um crime que nos últimos dias tem-se muito divulgado, atraindo a atenção pública. Uma jovem universitária foi encontrada morta dentro de seu carro constatando-se que apanhou muito e foi finalmente degolada. Esse crime terrível provocou resposta da polícia que se empenhou nas investigações em busca dos assassinos. Finalmente dois homens foram presos e confessaram que cometeram o crime a mando de um ex-marido da universitária. A razão foi a negativa da jovem de dividir ou pagar uma dívida de R$ 1600,00 feita juntamente com o ex-marido.
É de se imaginar como terão sido os últimos momentos de vida dessa universitária exposta ao ataque de bandidos contratados para matá-la, chegando ao inominável ato de degola dentro de seu próprio carro. Momento de horror sem fim nos quais ela pode ver de perto algo que pode ser interpretado como a pior coisa do mundo.
Agora o ex-marido nega que tenha ordenado a morte da universitária, alegando que contratou os dois bandidos apenas para pregar um susto nela. A família da moça degolada sofre com tamanha barbaridade, ainda mais sendo cometida por pessoa de boa família a quem tinham como verdadeiro filho.
História terrível, assustadora. Provoca calafrios e nos faz pensar sobre os limites da maldade humana.