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Palestras e palestrantes
A primeira palestra a que assisti e me impressionou - e dela não me esqueci - aconteceu quando eu era aluno da 1ª série do Curso Científico, hoje Ensino Médio. Os mais novos talvez não saibam, mas no passado o atual Ensino Médio era dividido no Clássico e no Científico. Para o Clássico iam os futuros professores, advogados, gente de letras etc.; no Científico matriculavam-se os futuros engenheiros, médicos e pessoas destinadas a profissões afins com essas. De modo que muito cedo os jovens viam-se na contingência de escolher o caminho que seguiriam. Ainda é assim, mas, hoje em dia, a decisão foi adiada para o final do Ensino Médio.
Infelizmente não consigo me lembrar do nome do palestrante que suponho tenha sido o Prof. Silveira Bueno que foi um cronista, poeta, jornalista, lexicógrafo, filólogo, ensaísta e tradutor brasileiro, conforme se informa na Wikipédia. Na ocasião fomos avisados de que visitava a cidade pessoa emérita que nos brindaria com uma palestra. Lembro-me bem de que o palestrante acabara de chegar de uma longa viagem a vários países e o assunto sobre o qual falou girou em torno dos acontecimentos que ele presenciou. Marcou-me o fato de ele afirmar que a partir de certa idade as pessoas viajam para verificar coisas sobre as quais já possuem conhecimento anterior. Daí que pouco antes do palestrante viajar um amigo teria perguntado a ele: o que é que você vai verificar?
Mas, de lá para cá acabei assistindo a várias palestras e pude perceber que a tônica das falas dos palestrantes tem mudado bastante. Nas últimas a que compareci tive a impressão de ouvir pessoas muito treinadas para o contato com o público, espirituosas e capazes de arrancar risos da plateia. Fazendo uso de assuntos pessoais nos quais se fica em posição de quem foi surpreendido por algo ou ação inesperada o palestrante arranca a solidariedade dos presentes e prepara o terreno para o convencimento sobre o s assuntos de que trata. No fundo ao que se assiste é à palestra de uma espécie de showman com piadas prontas e de sucesso garantido. Isso, aliás, pude confirmar ao assistir por acaso, em lugares e ocasiões diferentes, palestras do mesmo palestrante.
Obviamente, nem tudo é assim e existem níveis e níveis de palestras. Entretanto, o assunto me chama a atenção porque de vez em quando se divulgam os valores pagos por palestras que muitas vezes somam muitos reais, quando não pagas em dólares. Basta lembrar de que no Brasil palestras de 50 minutos de ex-presidentes da República têm sido cotadas a R$ 200 mil. Pessoas do ramo de eventos afirmam que valores entre R$ 100 e R$ 200 mil estão na média, dependendo da importância do palestrante. Além disso, esclarecem que valores bem mais altos são pagos a palestrantes nos EUA. Consta que o ex-presidente Bill Clinton cobra US$ 189 mil por palestra e teria, nos 11 anos decorridos após sair do governo, ganho US$ 89 milhões com palestras.
Mas, nem todo mundo é ex-presidente daí os valores recebidos pelo papo em público serem mais baixos. No Brasil ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central cobram de R$ 10 mil a R$ 30 mil por palestra, sendo que a média gira em torno de R$ 20 mil. Entretanto, profissionais que fazem palestras e não são muito conhecidos recebem valores bem inferiores aos citados para proferi-las.