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A morte da artista
Em 23 de julho completaram-se três anos da morte da cantora Amy Winehouse. Como não poderia deixar de ser a morte da artista pegou o mundo de surpresa, provocando histeria entre seus fãs. Desaparecia precocemente, aos 26 anos de idade, deixando atrás de si um não pequeno legado de atuações eletrizantes. Proprietária de uma voz fantástica caracterizava-se pelo profundo contralto. Intérprete da melhor cepa cantava músicas de gêneros variados como o soul, o R&B e o jazz.
Tempos antes de morrer Amy esteve no Brasil onde se apresentou. Conheci pessoas que viajaram ao Rio Grande do Sul para vê-la em concerto. Voltaram entusiasmadas. O mesmo não aconteceu em São Paulo. Comentou-se que a apresentação de Amy fora um desastre. Dizia-se que a cantora apresentou-se alcoolizada a ponto de não se entender musicalmente com a banda que a acompanhava. Um crítico escreveu que Amy estaria em decadência e chegara a hora de buscar dinheiro no terceiro-mundo.
Não cheguei a me entusiasmar com Amy Winehouse. Quando minha mulher comprou um CD da cantora pareceu-me grande a semelhança de seu jeito de cantar, talvez o timbre de voz, com a canora Etta James. Depois havia o fato de que se tratava de uma moça que, nos últimos tempos, parecia não levar a sério a sua carreira.
Mudei de ideia depois da morte da artista. Só então prestei mais atenção às gravações dela e entendi porque Tony Bennett considerou a voz de Amy como a mais natural entre os cantores de jazz contemporâneos. Aliás, a gravação de “Body e Soul” na qual Bennett canta ao lado de Winehouse é antológica.
Mas, não escrevo para falar sobre a carreira de Amy Winehouse, sua voz e sucesso. O que me anima é o fato de que a morte dela foi encarada como o desaparecimento acidental de uma moça que exagerou no consumo de álcool. De certo modo teria ela conduta reprovável que a levou ao óbito, como, aliás, consta do laudo sobre sua morte.
Prefiro pensar que Amy Winehouse foi uma dessas raríssimas artistas que de vez em quando aparecem no cenário mundial. Trata-se de um gênero de seres humanos que parecem ter nascido para não seguir as regras que adotamos como usuais. São pessoas dotadas de uma sensibilidade pontos acima do patamar atingido pelo comum dos mortais. São verdadeiramente artistas.
Acredito que Amy Winehouse foi um desses seres fora da curva, dona de uma voz impressionante e de imensa capacidade de composição e interpretação. O que se passa na cabeça de uma pessoa assim foge aos padrões. Amy viveu num mundo só dela do qual se desligou acidentalmente ao ingerir quantidade excessiva de álcool. Saiu do mundo, simplesmente. Deixou-nos sua voz.