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Vida e morte
Durante turbulências aéreas ocorre aos passageiros ponderar sobre a fragilidade da vida. Fica-se à mercê da aeronave que estremece, mas avança, felizmente. Cada pessoa terá um caso a relatar em relação a essas situações. Quanto a mim houve ocasião em que vi de perto a possibilidade do fim. Voávamos em calmaria quando, de repente, um solavanco e a queda da aeronave por uns bons metros. Gritos, desespero, lágrimas. Nada mais que um grande susto, que depressa se desfez.
Parece-me pior a claustrofobia. Há um conto de Edgar A. Poe chamado “Enterrado Vivo”. Poe esmera-se na descrição de um homem que acorda preso dentro de um túmulo. O grande escritor nos conduz com mestria à situação final. Começa por relatar casos e casos de sepulturas abertas nas quais foram encontrados cadáveres em posições diferentes das que foram enterrados…
Há quem não suporte nem mesmo o transporte em elevadores. Ambientes fechados são insuportáveis para muita gente. Então, o que dizer sobre quem embarca em submarinos? Permanecer dentro de um navio preparado para submersão completa durante longos períodos… Filmes sobre submarinos atacados durante guerras são assustadores. A impotência do homem à mercê das contingências que escapam a seu controle é terrível. Não há para onde fugir. A vida se decide entre troca de torpedos. Nada mais.
Os argentinos enfrentam momento de grande comoção. Decorrido exatamente um ano do desparecimento do submarino Ara San Juan eis que acaba de ser localizado a uma profundidade de 900 m. Fotografias indicam que o submarino implodiu. Com autonomia para profundidades de no máximo 300 m o navio não suportou a pressão da água. A bordo viajavam 44 tripulantes, 43 homens e uma mulher.
O desfecho do caso do submarino argentino, como não poderia deixar de ser, suscitou interrogações quanto à morte dos tripulantes. Teriam sofrido? Como teriam sido os momentos de horror ao saberem-se perdidos? No momento da implosão a morte teria sido instantânea?
Especialistas garantem que a morte dos tripulantes se deu em segundos. Tão depressa que não a teriam sentido. Mas, para as famílias enlutadas nenhuma explicação será suficiente para aplacar a dor. Seus entes queridos jazem nas profundezas marítimas e parecem não existir meios para resgatar seus restos.
Familiares exigem a devolução dos seus para enterrá-los dignamente. Um pai afirma que se enviaram seu filho para lá que o tragam de volta. A dor não tem remédio.