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Corrupção no Brasil: mal incurável?

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Está aí para todo mundo ver mais um vídeo sobre corrupção. Desta vez mostra-se a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) recebendo dinheiro. Jaqueline, filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, ao lado do marido, recebe o dinheiro das mãos de Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal. Para quem não se lembra, Durval é o delator do chamado “mensalão do DEM” que derrubou o governador José Roberto Arruda.

O mais interessante é que o vídeo de forma alguma causa indignação. Na verdade a cerimônia de entrega do dinheiro ilegal não impressiona porque, como acontece com cenas repetitivas, é cansativa. Além do que os brasileiros já tiveram oportunidade de assistir a cenas mais dramáticas como aquelas de dinheiro sendo escondido dentro das meias etc.

Mas o que causa mesmo indignação é o fato de assistir-se a uma coisa dessas sem indignar-se porque isso atesta a existência de certo padrão de comportamento incorporado, talvez de desilusão diante de algo que parece prolongar-se infinitamente. O fato é que sabemos, de antemão, as marchas e contramarchas que se seguirão, as apurações, as imunidades e interesses em jogo, a lentidão da Justiça. No fim das contas cairemos no fosso de sempre. Não é que o próprio ex-presidente da República nega a existência daquele outro mensalão, envolvendo Marcos Valério e políticos de primeira grandeza no cenário nacional? De que valeram tanta tinta gasta, manchetes de jornal, capas de revista e noticiários se tudo continua mais ou menos como dantes no quartel de Abrantes?

E aí estão políticos acusados de corrupção, pessoas que renunciaram para não serem cassadas (não seria melhor com cedilha?), reeleitas e fazendo parte de Comissões de Ética. Para explicar essa contradição disse um político: os que estão aqui no momento são pessoas dignas, aprovadas pelo voto popular e, portanto, podem realizar os trabalhos da casa.

Pode ser que a corrupção um dia venha a ser extirpada do Brasil. No momento ela se assemelha ao óleo que lubrifica as engrenagens do poder que, assim parece, não funciona sem conchavos, acordos, pagamentos ilícitos, compra de votos, verbas mal destinadas, compadrio e tudo o que se relacione à má gestão dos negócios públicos.

Mas, o país resiste. As trombetas estão a todo vapor pelo PIB do ano anterior, embora, na média dos últimos anos, o mesmo PIB seja inferior ao de épocas passadas. Os cortes de orçamento são benvindos, afinal há que pagar com suor a gastança realizada para vencer eleições.

De uma coisa estou certo: a minha geração não verá um país diferente, com pessoas públicas cuidando, em primeiro lugar, dos interesses coletivos.