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Vida de torcedor
Torcedor não tem vida fácil. Se ao nascer tivessem me perguntado se escolheria entre ser torcedor ou não eu responderia: NÃO!
Quando o time pelo qual torcemos ganha a alegria é grande; quando perde um horror. Sou desses caras que, infelizmente, sofre pelo time. Em certos jogos, quando as coisas de se complicam, chego a sair da sala para ouvir de longe a voz do narrador do jogo. Imagens de jogos difíceis constituem-se em verdadeira tortura.
Também sou desses caras que entram em sintonia quando passam defronte o estádio do time do coração. Que fazer se ali, bem do lado, fica o palco onde tantas vezes assisti a jornadas memoráveis do meu time?
O problema é que, de tempos para cá, passei a ouvir programas esportivos pelo rádio do carro. De repente descubro que repórteres esportivos, na ânsia de divulgar novidades, espalham até mesmo todo tipo de fofocas. Essa turma mexe com o coração da gente, causando-nos apreensões. Para o jogo de amanhã o nosso centroavante goleador poderá não jogar porque torceu o pé no treino desta manhã. Pronto! Eis ai um dia inteiro preocupados com a situação do nosso goleador que tem que jogar de qualquer jeito. No fim das contas o entorse foi pequeno, nada demais e o cara entra em campo. Mas, até aí quanto sofrimento.
Futebol é paixão e paixões são fadadas a não dar certo. Por isso tanta discussão, tanta briga e até mortes. Quando menino, um irmão mais velho que eu torcia justamente para o maior rival do meu time. Ouvíamos os jogos pelo rádio naquela época sem TV. O Pedro Luís, o Edson Leite e o Mário de Moraes traziam o estádio à frente do dial do rádio. De um lado o meu irmão, mais velho, mais forte. De outro eu que sempre acabava levando uns sopapos.
Frequentei estádios durante muitos e muitos anos até parar por receio da violência. Assisti a grandes jogos e presenciei atuações de mágicos da bola. Vivi momentos inesquecíveis sentado nas gerais e arquibancadas de estádios de futebol. Dá para dizer que sou apaixonado por esse esporte que rouba um bom tempo dos meus dias em termos de atenção.
Paixão é paixão, não tem jeito. Ainda não me decidi, mas gostaria de vir a ser enterrado pelo menos com um distintivo do meu time dentro do caixão. Quem sabe ele venha servir como código de entrada no outro mundo, exceto se o porteiro de lá for algum corintiano.