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Violência incontrolável
O Ministro da Justiça declara haver corrupção no comando da polícia do Rio de Janeiro. A notícia nos deixaria estupefatos não fosse a interminável onda de corrupção e violência que atravessamos. A se comprovarem as declarações do Ministro fica-se à mercê de conluios entre policiais e traficantes. O homem comum não terá mais a quem apelar. Como confiar num sistema de segurança corrompido até mesmo na alta hierarquia da polícia, caso exista? O problema é que quem fez as afirmações não é qualquer um: trata-se do Ministro da Justiça.
No Texas um homem entra numa igreja e fuzila os fiéis durante cerimônia religiosa. Mata 26 pessoas e fere outras tantas. Depois foge, bate o carro e aparece morto. Não se sabe, ainda, se terá cometido suicídio. O celerado servira a força aérea do país e tinha 26 anos.
Dias antes, em New York, um terrorista, dirigindo um caminhão, invade uma pista de ciclismo, mata oito pessoas e fere algumas. Cinco dos mortos eram argentinos que estavam na cidade para comemorar os 30 anos de formados em universidade. Ferido e preso pela polícia o terrorista, de origem muçulmana, identifica-se como simpatizante do Estado Islâmico.
Há menos de um mês um atirador executou 50 pessoas que assistiam a um show de música em Las Vegas. Atirando, indiscriminadamente, contra a multidão o assassino suicidou-se antes da chegada da polícia ao quarto de hotel de onde ele perpetrou seu hediondo crime.
Em Goiânia um aluno da oitava série entra na sala-de-aula de mata dois de seus colegas, ferindo outros. Alega sofrer bullying, nisso a razão de sua ação. Os pais do atirador, dois policiais, nãos sabem o que fazer. As famílias dos adolescentes mortos em crise.
Enquanto isso a guerra diária na Favela da Rocinha segue adiante, fazendo mortos em combates com traficantes. Policiais morrem em enfrentamentos com traficantes. Semana passada um comandante da polícia foi assassinado pelos bandidos. Ontem um policial à paisana foi executado por um bandido.
Em 2016, 60 mil pessoas foram assassinadas no Brasil, número que ultrapassa o número de mortes verificados em guerras que acontecem no mundo.
Semana passada uma jovem combinou, através de uma rede social, carona com um desconhecido para viagem até o Triângulo Mineiro. Não sabia ela que o tal era um bandido fichado cuja intenção era a de matá-la e roubá-la. O corpo da jovem foi encontrado com cabeça dentro da água. O assassino foi preso e narrou friamente à polícia como arquitetou e executou o crime.
Seguiria, interminavelmente, relacionando crimes e mais crimes que a toda hora são noticiados. Tanta violência nos leva a perguntar sobre o que terá acontecido com a natureza do ser humano. Desigualdade social, assassinatos em nome da fé e outras razões serão suficientes para explicar tamanho descalabro?
Afinal, o mundo tem volta?
Violência incontrolável
Digam o que quiserem, desculpem-se, justifiquem-se, prometam melhora rápida, mostrem seriedade nas declarações, mas nada disso encobre a dura realidade dos dias de hoje: a violência tornou-se incontrolável.
No caos envolvendo a segurança as pessoas não sabem em quem confiar. A situação da polícia é complicada e erros previsíveis acontecem, infelizmente com vítimas. O assunto do dia é a morte de um empresário de 39 anos abordado pela polícia após perseguição por dez minutos. Quando parou o carro o empresário foi morto a tiros. Os policiais afirmam que o empresário pegou o telefone celular que foi confundido com arma daí atirarem. Uma série de erros de abordagem resultou na morte do empresário que gera protestos. Por outro lado policiais confessam em “off’ a tensão de seu ofício dadas as mortes de alguns deles pelo crime organizado. As autoridades negam tensão na polícia e chamam a atenção para o treinamento dos policiais. O governador do Estado vem a público para garantir que tudo será apurado e os responsáveis por erros serão punidos. Ouvimos isso e damos de ombros porque o perigo nos ronda nas ruas, e mesmo as casas já não estão seguras, vejam-se os arrastões e invasões de domicílios.
As notícias policiais têm grande destaque e ocupam a maior parte dos noticiários. Ouve-se tanta barbaridade que não há como não ter medo. Confesso que fico nervoso quando paro o carro e sou obrigado a ficar dentro dele, seja para estacionar na rua, seja em congestionamentos. Todo mundo sabe que a bandidagem não dá o menor valor à vida e atirar tornou-se exercício simples, hábito, quase brincadeira. A todo instante repete-se que as leis brasileiras estão desatualizadas não correspondendo ao que hoje se necessita para combater a criminalidade. Bandidos matam para exercitar o poder de tirar a vida, por simples prazer e desamor. A eles não importam as tragédias familiares decorrentes de seus atos. Agem animalescamente porque sabem que não ficarão muito tempo presos, mesmo quando condenados. Criminosos gozam de benefícios, indultos, folga para o natal em casa etc. Saem das prisões para o natal e matam pessoas no mesmo dia.
Está circulando na internet um vídeo no qual um idoso está no caixa de um supermercado quando chega um bandido para assaltar. O idoso tem a infeliz ideia de brincar com o rapaz assaltante dizendo a ele que é um policial. O rapaz não tem a menor dúvida: encosta o revólver na cabeça do idoso e atira, matando-o.
O que mais impressiona em relação à criminalidade já nem é o fato de estarmos expostos a ela. O mais impressionante é que a aberração dos crimes praticados em grande quantidade passou a ser “normal”, parte do cotidiano. Já não nos lembramos dos tempos em que a vida era mais segura e não só se dizia como se praticava o axioma “lugar de bandido é na cadeia”. Hoje as cadeias estão superlotadas e menores infratores cometem crimes em série, mas se refugiam num código ultrapassado que os devolvem à liberdade aos dezoito anos de idade. Há tanto crime que talvez as autoridades estejam perdidas em relação ao modo de colocar um fim a este triste e terrível estado de coisas.