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Sorte exsite?
Assisti a uma entrevista do músico brasileiro Sérgio Mendes. Fez ele parte da célebre apresentação da Bossa Nova no Carnegie Hall, em New York, em 1962. Relata Mendes que dias depois tocava com o saxofonista Cannonbal Adderly num clube noturno da cidade. O convite do famoso saxofonista surpreendera Mendes. Da noite para o dia estava ele no país do jazz junto a músicos internacionalmente conhecidos.
A partir daí Mendes seguiu trajetória de sucesso que perdura até hoje. Mas, o interessante no relato de Sergio Mendes é a atribuição que ele faz a um fator decisivo: a sorte. Segundo o músico a sorte o bafejou em muitos momentos: conheceu Harrison Ford quando o ator, ainda desconhecido, trabalhou como marceneiro em sua casa; Sarah Vaughan bateu na porta de sua casa pedindo para gravar com ele; Stevie Wonder apareceu no estúdio em que Mendes gravava e pediu para participar da gravação. E por aí vai.
Sorte? Quem sabe. Picasso dizia que toda vez que a sorte o procurou encontrou-o trabalhando. Talento parece casar-se bem com sorte, embora nem sempre. Nas trajetórias humanas pululam acasos que se transformam em momentos de grande sorte. O fato é que muita gente se dá bem, inesperadamente.
Por outro lado existem aqueles que são azarados. Tem gente para quem nada dá certo, embora tanto esforço, tanta luta. Enfim, se algo tiver que dar errado, para certas pessoas certamente dará. Um célebre azarado a quem conheci dizia saber que jamais seria a vez dele em nenhum lugar. Sempre alguém chegaria primeiro, sempre outro seria escolhido ou premiado. Certa vez ao tentar emprego público o meu conhecido precaveu-se contra todas as variáveis que poderiam influir contra a sua contratação. Assim, ao passar pelo exame médico não teve dúvidas em responde perguntas sobre causas de morte de seus pais, avós e bisavós, afirmando terem todos eles falecido em desastres. Do que morreu seu pai? Desastre. Sua mãe? Desastre. Seu avô? Desastre. Ninguém tivera qualquer doença que pudesse ser transmitida aos descendentes incapacitando-os para atividades públicas…
Mas, a sorte á caprichosa. Muita gente diz que é preciso acreditar na sorte para tê-la. Segundo esse modo de pensar só é azarado quem se crê sem sorte e atrai para si o fracasso. Além do que a sorte pode mudar. Um homem que jogou a vida inteira e nunca ganhou praticamente enterrou a vida a mulher e dos filhos com seus gastos em jogos. Entretanto, tinha ele fé total de que um dia ganharia. Pois aconteceu num final de ano. O tal ganhou a loteria de natal com bilhete inteiro, várias rifas, um dinheirão no jogo do bicho etc. Desta vez os filhos trataram de administrar os ganhos não deixando que tudo fosse revertido em novas apostas. De modo que o sortudo morreu muito bem de vida e satisfeito por provar que sempre tivera razão.
Mas, você acredita na sorte?